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- Clássicos #02: Pietà ~ Um Drama Sútil & Envolvente
Posted by : Unknown
domingo, 12 de fevereiro de 2012
Hoje comentarei sobre um dos meus mangás favoritos, não
apenas no universo yuri, mas englobando todos. Sem dúvidas, um dos melhores
projetos que o lililicious já fez. Eu
havia pensando em dar um tempo nos comentários sobre as séries clássicas aqui,
mas Pietà faz um contraponto tão bacana com Claudine...! (que comentei aqui, semana passada),
que eu não pude deixar passar essa oportunidade.
Sabe aquele tipo de história que te pega desprevenido?
Então, Pietà é exatamente assim, afinal, já em sua concepção, apresenta uma
sinopse tão rasa e clichê:
Pietà aborda
a história de duas estudantes que acabam se tornando amigas, Rio Sakaki e
Sahoko Higa, as duas se envolvem e acabam se apaixonando – E assim, enfrentando
juntas os traumas que ambas possuem.
A sinopse é bem básica
e serve pra situar o provável leitor na estrutura em que Pietà se desenvolve.
Mas isso é muito pouco diante da obra de Nanae Haruno. Esse mangá é uma sensível
abordagem não apenas fala sobre a homossexualidade, mas principalmente
superação, afeto e companheirismo. Inicialmente achei que fosse ser somente uma
série feita pra explorar velhos arquétipos em favor do romance yuri e assim,
fazer o público alvo dessa história suspirar e vomitar arco-íris. Afinal, Rio é
a típica “garota príncipe” pegadora do colégio, a garota celebridade, tal qual
foi Amane Ohtori em Straberry Panic, mantendo uma posição de
prestigio. Mas ela não possui o calor humano desta personagem, nesse ponto ela
se assemelha muito mais a ShizumaHanazono, da mesma série. Tem um passado trágico, mantido em segredo,
costuma ser fria e se utiliza daquelas que se apaixonam por ela, como se fossem
objetos.
Eu realmente gosto desse tipo de personagem e a Rio me
agradou completamente, pois não era possível enxergar nem um traço de bondade e
respeito sequer em suas atitudes, mas era sempre honesta e conhecedora de seu
status. Como personagem arquétipo que é, entre quatro paredes e longe de todos,
a sua mascara caia e se mostrava uma garota solitária, que sofria calada e sem auto
estima algum. Tudo parecia caminhar para o obvio, mesmo que a narrativa até
tenha se mostrado em uma execução perfeita. Rio olha pela primeira vez para
Sahoko e começa a se interessar por ela, largando de lado a sua atual “ficante”
sem ao menos uma explicação sequer. Quando questionada se não se importava com
os sentimentos dos outros, ela simplesmente diz que não. Quando Sahoko lhe diz
que ela era um demônio, ela se diverte, confirma que realmente é um demônio e pergunta
se a garota não gostava de demônios. Sahoko fica atônica e sem reação com a
atitude de Rio.
Parece mesmo que ia ser uma ótima história de amor, com um
pequeno drama de plano de fundo com relação ao passado da garota e “fuwaaa!!!”,
temos ai mais um belo romance yuri, seguindo a receitinha da formula mágica.
Mas Nanae Haruno nos surpreende com uma história honesta e que foge um pouco dos
padrões estabelecidos já na época de seu lançamento. Não há chás extravagantes,
fanservices como; termos de senpai, sama, onee-chan, uniformes escolares super
lindos (na verdade eu os achei bem
elegantes), situações mais apimentadas e nem mesmo sexo (como se poderia esperar em um josei).
Mas há momentos de pura ternura que pra história representa mais do que toda a “pegação”
do mundo, apresenta um ponto de vista maduro, com personagens complexas, uma atmosfera
depressiva que permeia o mangá, da primeira, até o penúltimo capitulo – Além de
trabalhar bem temas como abuso e negligência familiar. A madrasta de Rio é uma
mulher terrível. Está é uma leitura bem emocional, e apesar de Rio e Sahoko
serem estudantes do ensino médio, está bem distante do que vemos em mangás
escolares. Certamente não é uma história leve e revigorante, apesar de não
chegar no tom melodramático de Claudine...!, aqui isso é mais sutil e menos
exagerado.
Rio é depressiva e autodestrutiva, se corta e já tentou suicídio
diversas vezes. Se sente rejeitada e deprimida por ser rejeitada por sua família,
além do sumiço de sua mãe e a morte de sua pequena irmã. Foi internada diversas
vezes e sempre foi vista como a garota problema, tanto que, sua madrasta se
recusa viver sobre o mesmo teto que ela, fazendo com que a garota more sozinha
em um enorme casarão. Mas ela não se importa, já que não tem esperança e nenhuma
ambição para o futuro. Pra piorar a situação, ainda vive atormentada com seus
traumas de infância e uma lacuna em sua mente. Por apresentar uma tendência
suicida, teme que tenha sido ela a responsável pela morte de sua irmã e
destruição de sua família.
Sahoko também tem um passado misterioso e não tem uma boa
relação com seus pais, vivendo com sua tia. É dois anos mais velha que Rio,
apesar de estarem na mesma classe. Isso foi devido a trauma do passado, onde
ela apresentou um quadro de fobia social, ficando presa em seu quarto e não
conseguindo encarar ninguém na rua.
Duas
garotas. Um que não era verdadeiramente amada e outra que era amada demais.
Nasceram em diferentes anos, mas acabaram juntas, na mesma escola e mesma
classe. Convenientemente, claro, mas acaba sendo um recurso narrativo que dá
força a Píeta. Elas possuem uma fraqueza e para sobreviverem, precisam uma da
outra.
Sahoko parece ser uma luz em sua vida, mas os demônios de
Rio, especialmente os que envolvem suas memórias fragmentadas, podem levar esse
relacionamento a uma tragédia eminente. Ao menos, era a impressão que tive
durante toda minha leitura. Consumi Pietà de forma voraz. Os capítulos eram
longos, algo em torno de 70, distribuídos em 2 volumes. Mas apenas nem sequer
reparei nesse detalhe. A história se desenvolve de forma ágil e dinâmica e
Pietà atinge o seu clímax a partir do momento que as duas começam a se relacionar
e o trauma de cada uma fica pairando no ar, ao mesmo tempo em que a madrasta de
Rio começa a destilar suas maldades na garota, que se encontra fragilizada no
momento do ataque.
Acompanhamos Rio mais de perto, do que Sahoko, que se mostra
bem mais forte e resistente que sua amada, diante as adversidades. Pietà é
peculiar por apresentar um bom drama familiar, ao mesmo tempo que desenvolve o
relacionamento das duas personagens principais. Os dois focos apresentados são
sensacionais. A parte familiar nos faz sentir uma angustia enorme, enquanto que
o romance das duas, mesmo nos piores momentos em que Rio se encontra, é
emocionante. É uma amostra de companheirismo, carinho e compreensão. Senti como
se fosse me desmanchar toda com o jeito carinhoso de Rio para com Sahoko. Como
ela mesma disse; a Rio se desfaz de toda aquela personagem que interpretava
publicamente e se mostra como uma ingênua e carente menininha de 10 anos de
idade. Rio é extremamente carente, faz Sahoko prometer que sempre estará por
perto quando ela abrir os olhos, que nunca a abandonará e se desespera, quando
olha para os lados e não a vê. Poderia soar algo completamente forçado, mas é
natural devido ao background de Rio e todo o seu trama por ter sido abandonada
e deixada pra trás por sua mãe e seu pai.
O engraçado é ver como os papeis se invertem (e eles realmente se invertem na realidade),
com Rio sendo claramente o que se entende como Uke da relação (ativa) e Sahoko e Seme (passiva), sendo que na intimidade os
papeis se invertem completamente. É bonitinho, é romântico, é engraçado ver a
Sahoko mandona e sendo quase que uma mãe para Rio (“Eu já mandei você colocar essas meias, não já!?”)
e ver como esta reage completamente resignante e desolada por ter recebido uma
bronca. Mas sem dúvidas, o ápice, é ver quando Rio entra num estado mais
profundo de depressão e tenta matar Sahoko e depois se matar e todas as
consequências provenientes desse ato. Com medo de si mesmo e das coisas que
pode fazer, Rio se afasta de Sahoko, mas esta não desiste e se mostra
persistente e disposta a estar sempre ao lado da garota problemática. É um
romance encantador. E igualmente, também um drama encantador.
Pietà vem da palavra italiana; “piedade” ou “misericórdia” e
faz jus completamente ao titulo. Mas isso, só percebe quem leu e eu não vou
entrar em detalhes aqui, falando mais do que já falei. Este é um mangá yuri,
publicado na demografia Josei, serializada na extinta magazine Young You, da
editora Shueisha, destinada às “mulheres jovens”. A revista infelizmente chegou
ao fim em 2005, sendo casa de séries bem interessantes e “diferentonas” pro
padrão estabelecido nos anos 2000. Tem um histórico de autoras talentosíssimas,
como a Erica Sakurazawa, que publicou Love
Vibes por lá, que inclusive já comentei aqui no blog.
Inclusive, uma das várias passagens do mangá Honey and Clover, de Chica Umino, foi por essa revista.
Por fim, os desenhos da Nanae Haruno são como se não
tivessem sido submetidos a uma arte final. Parece apenas um primeiro traçado
feito simplesmente a lápis. Mas é belíssimo e original. Não tem aquele padrão
de beleza pré-estabelecido, mas é muito bem feito e caprichado. Os cenários são
simples e sem muitos detalhes de fundo. A história se desenvolve em meio à
flashbaks, lapsos de memorias que vão vindo a tona e compondo o intricado
quebra cabeça de Pietà. É sem dúvidas uma leitura altamente recomendada para
todos os gostos, independente de se gostar ou não yuri, é uma história muito
competente. Estamos diante de um pequeno clássico “Girls Love”.
P.S.: Curiosamente, Pietà nos traz a figura de psicólogos, tal
qual, foi Claudine...!, explicando e situando o leitor dentre alguns tópicos
discutidos na trama.
Volumes: 01 (finalizado)
Ano: 1998/1999
Autora: Nanae Haruno
Editora: Shueisha
Revista: Young You
Demografia: Josei
Gênero: Romance, Drama, Psicológico
Onde Encontrar: Aino Scanlator
Eu li PIetá e achei perfeito, ainda mais para a época que foi feito! ^^
Ahh, hoje eu achei uma coisa e lembrei do Kono Ai Setsu na hora...
Sabe aquele vídeo do SKE48, o Kataomoi Finally, que você postou a prévia dele acho que a 1 mês atrás? Então eu achei ele! ^^
Upei ele e estou dando ele de presente para vocês! ^^
Abaixo segue o link de download do vídeo! o/
http://www.mediafire.com/?j8d1dvjtfpjnt1q
PS: O PV é lindo! *___*