Archive for 01/09/2013 - 01/10/2013
Bate-Papo #04: A Sensação Christa & Ymir
O anime de Shingeki no Kyojin acabou essa semana, e eu não
poderia deixar de comentar aqui no KaS sobre uma das maiores sensações da
comunidade yuristica dos últimos tempos, o shipping lésbico entre Christa e
Ymir. O que intriga é o enorme sucesso das duas não apenas na fanbase da série,
mas que tomou de arroubo toda a comunidade. Em qualquer tumblr destinado a
cultura yuri (“cultura yuri” não é um
termo que soa muito legal e chique? Huehuehuehu) você vai ver imagens das
duas sendo viralizadas. É instigante o fato de que nem no anime, nem no mangá,
elas terem um relacionamento explicito. Aliás, as duas mal aparecem (!).
Pode-se dizer que shippers (Shippers e a Incrível Arte de Incomodar os Outros) são assim mesmo, incorrigíveis.
Mas não acredito que seja tão simples e sim que se trata de algo sintomático.
Vamos traçar um paralelo entre Madoka Mágica (2011) e Shingeki no Kyojin (2013),
no espaço de tempo entre as duas séries, outros incontáveis animes também
abordaram, de modo explicito e implícito, relacionamentos lesbos. Apesar disso,
fora essas duas séries, nenhuma outra teve uma repercussão tão grande quanto
aos seus casais românticos do sexo feminino.
O que eu percebo é que, fora algumas exceções, como Shizuma
x Nagisa (Strawberry Panic!), Himeko
x Chikane (Kannazuki no Miko),
casais yuris/shoujo-ai tendem a ter uma recepção muito polarizada dentro da
comunidade. O que se justifica pelo fato de ser um produto que tem como publico
alvo essa própria fanbase, criando uma divisão. Já Madoka Mágica e Shingeki no
Kyojin não são voltados para o demográfico yuri, embora ambos possuam
conotações obvias. O fato de serem obras que não giram especificamente em torno
do relacionamento gay e não serem graficamente explícitos dá o gás necessário
para que o fandom utilize toda a sua criatividade imaginativa. Shipping não é
algo que surge por acaso, ele é plantado implicitamente justamente para fazer o
fandom reagir. Fandom este, que mantêm qualquer série viva e em alta através de
diversos elementos estrategicamente plantados nas tramas. Como se diz, o melhor
medidor de popularidade de uma série é a sua fanbase.
Porém, são elementos que precisam ser bem manuseados. A
relação de um artista com seu público devem ser um tanto quanto fetichista. Ele
precisa saber instiga-lo na mente do leitor, fazer com que ele fantasie. O
processo de provocar e não ceder, de mostrar um pouco e deixar o resto para a
imaginação. Claro, muitos animes tentam fazer o mesmo, como o recente e execrável Vividred Operation, e num caso
mais extremo, Moyashimon, e o motivo de passarem batidos até mesmo pelo carente
[de animes] fandom yuri, são diversos e nem cabem aqui.
Voltando à Chista e Ymir, ainda que apareçam pouco e não
seja nada explicito, é obvio a relação homossexual existente entre as duas. Mesmo
que elas ainda não tenham consumido o ato, há uma vibe. O mais gozado, é que no
que se refere ao anime, tanto uma como a outra, só tiveram duas aparições de
destaque. Ainda assim, as duas são construídas como um casal clássico yuri; a
uke e a seme, a princesa e a príncipe. E cada uma delas desempenha um papel
especifico dentro desse arquétipo; Ymir, assim como nossa amada Haruka de
Sailor Moon, é mais masculina e ciumenta e está sempre com os olhos em seu chaveirinho.
Christa é mais feminina e delicada, e apesar de parecer o elemento mais frágil,
na verdade é a que se mostra mais independente da Ymir e sempre com as atitudes
mais sensatas, assim como Michiru, também de Sailor Moon. Cito a dupla de
Sailor Moon porque ambas são construídas em cima do arquétipo yuri clássico,
embora tenham todo um desenvolvimento bastante abrangente. Esse padrão arquétipo diverte (como se nota, no caso de Shingeki, não é apenas Ymir e Christa que se destaca, muito pelo contrário. E muito disso porque são personagens arquétipos), faz o público brincar junto e criar diversas situações divertidas entre os personagens, romance, novas histórias, como podem ver pelas tirinhas abaixo.
O que acho engraçado na Ymir e me faz gostar muito dela é o
fato de ser a figura mais durona, mas quando está diante de Christa, se torna
extremamente extrovertida e boba. Quando está distante, pergunta por ela,
procura por ela, fica olhando-a de rabo de olho. Ymir está louca de amores por
Christa, que por sua vez, demonstra que há uma relação intimista entre as duas,
aquela coisa de olhar, de entender a forma de se expressar do outro,
dispensando formalidades. De cumplicidade. Só que, a que eu gosto mais é Ymir,
que com uma personalidade bruta, só deixa transparecer seu melhor lado frente à
Christa. Tem uma parte muito legal no mangá (e também no anime, só que sem as mesmas nuances), em que Sasha esfomeada,
ao ver Christa lhe trazer um pão, começa-a chama-la de deusa, e encosta a cabeça
em seu colo, o que parece provocar a ira de Ymir, que não desce do salto, mas
tem atitudes ~tsuntsun~ ao lhe fazer
questionamentos sarcásticos do porque ela estava ajudando Sasha. Era para se
sentir melhor? Se sentir uma boa pessoa? A doce Christa, claro, desconcertada
começa a questionar a si mesma. O que a deixa ainda mais moe. Como podem ver,
são ações e reações muito próprias de romances yuris. Como Shingeki é uma obra
cheia de incógnitas, é provável que essa sequência revele outras motivações,
mas não deixa de ser curioso ver também por este lado.
Há quem defenda que de fato elas têm um caso, mas a única
coisa certa é que há química e principalmente clima romântico. Se está rolando
ou não, não é tão importante para o público, que só precisa perceber uma
pequena fagulha de sentimentos para que comecem a fantasiar. E o autor de
Shingeki, ao mostra-las poucas vezes na história, mas sempre com ações
suspeitas e um relacionamento de cumplicidades (mais a frente no mangá isso vai ficar mais claro), faz com que o
fandom sonhe e fantasie, e principalmente, desenhe essas fantasias. No fundo,
uma relação pouco explorada num enredo de uma história, ou ao menos, não
explicita graficamente, dá pano pra manga. Se o relacionamento entre Madoka e
Homura fosse explicito, o publico não encontraria tantos motivos para criar,
imaginar, desenhar. No caso dessas duas, foi o público que deu forma ao
universo romântico entre Homura e Madoka, com um estouro tão grande, que hoje
em dia, mesmo quem está fora dessa fanbase, encontra dificuldade em não vê-las
como um casal. É o caso em que o próprio fadom pode afetar os rumos do que será
visto no vídeo e produtos relacionados. Aliás, graças a esse fandom, muitos
dizem que Madoka é a religião do lesbiano; e temos muitos casos assim onde o
fandom faz nascer uma nova perspectiva de se encarar personagens, casos como o de
Magical Girl Lyrical Nanoha. No fundo, todo mundo tem um pouco de shipper
dentro de si, e o fandom só precisa de ajudinha do autor para criar um universo
todo próprio e isso é fantástico.
Vejam Também:
[Fanfiction] Shadow 6
Olá a todos! Mais uma semana, mais Shadow! Neste capítulo, que marca praticamente a metade da série de Shadow, todo o cenário construído em busca das gemas em Husdeven, além de fatores ainda sombrios na trama, vão se cruzar e dar a dimensão dos problemas que aguardam Konoka, Setsuna e toda a Ala Alba.
E nada melhor do que começar com uma grande batalha, nos domínios de Delaro Igati.
Leitura Online (mediafire)
E nada melhor do que começar com uma grande batalha, nos domínios de Delaro Igati.
Leitura Online (mediafire)
Aviso-legal:
Mahou Sensei Negima não me pertence. Mastered Negima é uma obra de
fã, sem fins lucrativos.
Mastered Negima Shadow
Capítulo 6: Confronto
imprevisto
O clima não poderia ser menos amistoso na sala de reuniões do
palácio de Delaro Igati. Dezenas de soldados saídos de todas as
portas do aposento estavam posicionados para investir contra a Ala
Alba. A governante encarava o grupo com raiva evidente enquanto Negi
se esforçava para manter a seriedade, apesar da visível tensão:
― Palece que a hola de lutar lealmente chegou-aru. ― disse Kuu
Fei baixo, que tinha um leve sorrisinho ao encarar os adversários.
― Eles não parecem grande coisa. ― comentou Asuna em igual tom
baixo.
― O problema aqui é a quantidade. ― disse Setsuna, já
posicionada com o braço protegendo o corpo de Konoka.
― Pois é. Eles podem nos dar algum trabalho. ― concordou
Kotarô.
― Não podemos lutar. ― sentenciou Negi. ― Vamos estar dando
mais argumentos para ela usar contra nós.
― Precisamos recuar, né. ― apoiou Konoka.
― Não adianta ficarem de cochicho agora, Ala Alba. ― disse
Delaro. ― Vocês serão muito mais úteis nas minhas prisões do
que tentando me convencer de suas mentiras. Bill!
― Sim, senhora? ― respondeu prontamente o líder militar.
― Capture este grupo e os coloque em selas separadas. ― ordenou a
governante.
― Sim, magestade. ― acentiu Bill. ― Homens! Ouviram a ordem!
Esses garotos não podem sair dos muros deste palácio!
E assim a confusão teve início. A sala de reuniões foi invadida
por mais guerreiros e estes avançaram:
― Temos que sair daqui! ― disse Negi, já assumindo posição de
luta e defendendo o primeiro ataque de um dos que avançara sobre
ele. ― Ela não vai poder continuar a perseguição nas ruas da
cidade! Vamos!
A Ala Alba se dividiu para tentar driblar a investida dos inimigos.
Negi, Kotarô e Kuu Fei tentaram atrair a maior quantidade de
soldados o possível para o meio do salão, na tentativa de dar
abertura para os outros dois grupos escaparem. Asuna e Paru se
juntaram para derrubar a maior quantidade de de soldados o possível.
A ruiva invocou sua espada e Haruna desenhou um de seus monstros de
batalha mais agressivos para ser conjurado pelo seu artefato.
Do outro lado da sala, Setsuna e Konoka nocauteavam com facilidade os
que avançavam sobre elas. Konoka era capaz de detê-los facilmente e
a shinmei os derrubava com golpes mais pesados, porém menos
perigosos.
Delaro assistia toda a confusão do seu trono, parecendo divertir-se
bastante. O homem ao seu lado observava com atenção do desenrolar
da batalha. Como dissera o professor-mago, eles não poderiam deixar
que o grupo saísse do palácio. Perseguí-los publicamente iria
denunciar o momento de fraqueza que Delaro passava, o que já seria o
suficiente para os seus opositores tramarem sua saída do poder.
Os minutos iam transcorrendo e ainda que nenhum membro da Ala Alba
tivesse sido golpeado pelos soldados mágicos de Husdeven, a batalha
parecia se alongar ao infinito. Isso porque os jovens mal conseguiam
golpear os adversários em tempo hábil para que os primeiros a serem
acertados não voltassem a investir com bravura. O pior é que Negi
tinha certeza de que aquela era apenas uma parcela dos militares que
deviam estar espalhados por todos os acessos e pelos terrenos
internos do palácio. Ainda que o nível de batalha deste fosse
mediano somente, a Ala Alba poderia acabar sufocada e exaurida pela
extensão do confronto.
― Aniki, precisamos abrir espaço para ao menos voltar ao salão de
entrada! ― disse Kamo, que se enfiava pela gola do rapaz para não
cair. ― Use uma mágia de vento para abrir uma passagem!
― Boa idéia Kamo! ― disse o mago, agarrando o braço de um dos
soldados e aplicando uma "palma de ferro" no peito deste, o
lançando uns metros longe. Sem perder tempo o garoto virou a mão
livre na direção da entrada e conjurou mesmo sem palavras a
poderosa magia de vento, que derrubou e afastou a maioria dos
soldados no caminho.
Setsuna também já estava frustrada com aquele embate sem avanços.
Foi no momento em que sua espada refletiu o sol que se enxergava
pelas grandes janelas que a espadachim percebeu o caminho óbvio:
― Kono-chan. Vamos escapar daqui!― exclamou, esticando a mão
para segurar o braço mais próximo da namorada e puxando-a para si.
Os soldados acreditaram que essa brecha os permitiria atacar
diretamente a meio-uzoku, mas foram repelidos quando as asas brancas
desta se abriram num movimento rápido. Sem hesitar, Setsuna alçou
voo e passou janela à fora com Konoka nos braços. O casal pousou
sobre o muro lateral do palácio. Poderiam ter escapado, mas não
iriam abandonar os amigos à própria sorte.
A hanyou pousou Konoka ao seu lado, sem soltar-lhe a cintura. Ainda
que a batalha tivesse apenas sido adiada para as duas, Konoka
conseguiu distrair-se por completo da ação graças à proximidade
da namorada:
― Etto. . . Set-chan. ― chamou a maga, com a intenção de pedir
para que a outra para que a soltasse. Setsuna sequer parecia ter
percebido o que fazia, pois observava a movimentação na parte mais
distante dos terrenos externos do palácio. ― Set-chan. . .
― O que? ― perguntou a espadachim, enfim percebendo a chamada de
atenção da outra.
― Não vou conseguir conjurar muita coisa se continuar me apertando
né.
― A-Ah! D-Desculpe! ― disse a shinmei, desajeitada, percebendo o
que fazia. Soltou a namorada, o rosto um pouco corado.
― Você é sempre fofa, Set-chan. ― disse Konoka, depositando um
beijo na bochecha da namorada.
― K-Kono-chan!
― Ei, vocês! Que tal uma ajuda aqui ao invés de ficar namorando?!
― exclamou Asuna, do parapeito de uma das janelas do salão.
― Ok! ― respondeu Konoka, apontando a varinha profissional que
estava usando na batalha na direção da ruiva. ― Desvie, Asuna!
A ruiva saiu no instante anterior a uma fortíssima onda de vento
invadir o salão pela janela. Tão poderosa que todos ali foram
afetados pela força do golpe. A essa altura Negi e Kotarô já
estavam no hall de entrada do castelo, então apenas Kuu Fei, Haruna
e Asuna se beneficiaram da confusão do golpe:
― Pala os jaldins! ― exclamou a guerreira chinesa. Paru subiu nas
costas do seu monstro e o mesmo saltou por uma das janelas. Asuna
apenas saltou daquela altura e pousou com precisão.
Porém o exército da governante estava preparado. Os jardins estavam
cheios de soldados e também de maquinário para tentar capturar os
supostos ladrões. Mesmo em cima do largo muro que cercava o palácio
guerreiros corriam para cercar a Ala Alba.
Setsuna foi abrindo caminho para ela e Konoka, derrubando com
facilidade os soldados que tentava impedir seu caminho com espadas
ordinárias ou mesmo lanças. Konoka atirava magias paralisantes ou
de vento para auxiliar as amigas que estavam nos jardins e por duas
vezes impediu que Haru tivesse seu artefato roubado, o que poderia
fazer desaparecer a criatura desenhada pela mesma.
Negi e Kotarô logo também se uniram ao confronto do jardim. Com as
mãos limpas ele e Kotarô iam abrindo espaço pela multidão de
soldados. Aos poucos a confronto foi se focando na parte esquerda dos
jardins frontais do palácio:
― Negi! Venham para este lado do muro. Vamos embora por aqui! ―
chamou Konoka telepaticamente, o que pode ser ouvido por todos os
membros da Ala Alba.
― Certo! Pessoal, vamos embora! ― exclamou Negi, jogando longe
outro soldado que havia tentado agarrar suas pernas para derrubá-lo.
Um a um os membros do grupo foram saltando para o muro e dali para o
telhado de uma construção de dois andares que havia a alguns metros
do palácio:
― Vamos nessa! ― disse Asuna, se preparando para o salto. Setsuna
colocou Konoka nos braços e também passou para a construção
seguinte. Foram depresssa demais para ouvir uma voz as costas da
ruiva, que distraiu a mesma da sua fuga.
― Nem pense nisso, jovem.
Asuna voltou-se para a direção do som e percebeu imediatamente que
estava numa situação bem ruim.
Entrementes, do lado de fora do palácio, o grupo continuou pulando
de telhado em telhado, com alguns poucos guerreiros os perseguindo.
Porém logo estes foram se deixando distanciar:
― Isso aí! Voltem para as saias daquela velha! ― xingou Kotarô,
quando o grupo começou a se reunir em um terraço desocupado.
― Espera, cadê a Asuna? ― perguntou Negi, alarmado.
― Mano, as manas Asuna e Paru não vieram conosco! ― disse Kamo.
― Droga! Eu me apressei demais. ― exasperou-se Setsuna.
― Vamos voltar! ― sugeriu Kotarô.
― Não! A essa altura eles já devem ter aprisionado as duas. . .
― disse o professor-mago, mordendo os lábios em frustração. ―
Como pude falhar desse jeito?
― Calma, Negi. Não deve ser tão difícil resgatá-las. ― disse
Konoka.
― O que? ― questionou Setsuna, mais surpresa pela reação
imediata e determinada da namorada. A shinmei realmente ainda
subestimava muito a sua protegida.
― Isso! É só chegar quebrando tudo! ― disse o meio-kuzoku.
― Não! Vamos ter que fazer isso com calma. Já deu muita coisa
errada para arriscar assim. ― ponderou Negi.
― Calamba, que confusão. Agola, além de estarmos sem nossas
amigas, não sabemos o paladeilo das gemas. ― ponderou Kuu Fei,
enxugando o suor da testa.
― Um fracasso completo. ― rosnou Negi.
― Não deveríamos agora sair dessa cidade e preparar o resgate? ―
sugeriu Sakurazaki.
― Não precisamos nos esconder tanto assim, mana Setsuna. Aquela
mulher está realmente encurralada pelos opositores. Senão os caras
não teriam desistido tão fácil.
― Ela não pode deixar que ninguém descubra sobre a perda das
gemas. Isso nos dá mesmo alguma segurança. ― concordou Konoka.
― Cara, então podemos simplesmente voltar ao hotel? ― questionou
Kotarô, meio cético.
― Senão fosse assim, a essa altura também Nodoka e Yue teriam
sido já capturadas. ― disse Negi. ― Mas não recebi nenhum
alerta delas. Realmente estamos a salvo enquanto estivermos em local
público.
O grupo desceu do terraço para um beco. O clima era de derrota e
frustração. Mas aquela não era a última grande emoção daquele
dia.
― Gente, sei que estão todos chateados, mas não vai adiantar nada
ficarmos aqui até o anoitecer. ― disse Kamo.
O grupo remanescente da reunião com Delaro Igati estava parado em um
beco traquilo a mais de meia hora, mesmo sem a real necessidade de
estar escondidos. Ninguém havia trocado palavras durante todo aquele
tempo. Cada um parecia estar remoendo seus próprios pensamentos
irritados em particular.
Mesmo Konoka demonstrava uma expressão de tensão. Talvez até mais
do que qualquer outro do grupo. O coração da maga estava pesado.
Durante todo aquele tempo havia tido pressentimentos ruins sobre o
encontro com a líder política de Husdeven, e agora estavam naquela
situação. Porém não era somente este fato que a mantinha
perturbada. Seus sentidos estavam ainda em alerta máximo. Estes lhe
diziam que algo ainda pior iria acontecer, antes mesmo do que
pudessem esperar. Provavelmente algo que não seria causado pela
governante. Isso, acima de tudo, assombrava o coração da maga
branca.
O grupo estava tão mergulhado em suas preocupações que não foi
capaz de notar que estava sendo observado. Da janela de uma pequena
torre, uma figura parecia aproveitar aquele momento, observando o
rancor dos membros da Ala Alba. A verdade é que a pessoa sentia uma
grande agitação no peito, uma ansiedade tremenda. Aguardara durante
um tempo quase incontável pela oportunidade que estava diante de
seus olhos.
― Vamos embora, pessoal. ― disse Negi, levantando-se do caixote
onde estivera sentado em reflexão.
― Isso mesmo, mano! Logo será hora do jantar e ninguém aqui vai
conseguir invadir o palácio de estômago vazio. ― apoiou Kamo.
O grupo se levantou e começou a rumar para a saída daquele beco
abandonado. Foi nesse momento, imediatamente anterior ao fato, que
Konoka compreendeu enfim o que seu coração tentou lhe dizer todo
aquele tempo. Tarde demais para tentar mudar o que aconteceria apenas
um segundo depois.
― A quanto tempo, Ala Alba. ― disse uma voz que veio das costas
do grupo.
O som chegou à compreensão de Setsuna antes mesmo que ela pudesse
se virar e ver com seus próprios olhos. A imagem apenas confirmou o
que seus sentidos já haviam descoberto. Uma sensação de
irrealidade e peso sobreveio em todo o corpo da shinmei, como se
tivesse acabo de ser jogada dentro de um pesadelo.
A pessoa apenas sorria, observando o choque do grupo. Foi Negi quem
quebrou o silêncio diante daquela situação:
― Setsuna-P? ― perguntou o garoto, também com o choque em seu
rosto. ― Isso é impossível.
― Eu já vi gente insistente, mas isso é demais. ― comentou
Kotarô, também assombrado.
Setsuna-P observou um pouco mais o grupo, sem parecer ter qualquer
pressa:
― Era exatamente assim que eu imaginei que vocês reagiriam. As
expressões de pavor estão idênticas. Apesar de que . . .
― Como é possível? ― questionou Setsuna, com a voz tomada
ódio.
― Ah, é realmente uma história incrível, se quer saber. Claro
que irei explicar a vocês. Só que antes, tem uma coisa me
incomodando. ― disse Set-P, franzindo a testa no fim da sua fala,
porém sem perder o tom suave, ameaçador, da voz. ― Esta assim com
tanto medo de olhar pra mim, Konoka-ojousama?
Konoka havia sido a única a permanecer de costas para a ex-shikigami
desde que esta se revelara. Ao ser citada com aquele trejeito de
zombaria, a maga enfim se virou e, ao contrário do que supôs
Setsuna-P, encarou diretamente o olhar gelado desta:
― Eu não sou mais aquela pessoa fraca que você conheceu,
Setsuna-P. ― disse a maga. A outra sorriu com a mesma frieza no
olhar.
― Nem eu, Konoka.
― Afinal, explique como é possível estar viva, Setsuna-P. ―
exigiu Negi.
― Claro, sensei. Escutem com atenção:
"Depois que o Chikarasei foi tirado de mim, rapidamente minha
existência física foi completamente desfeita. Acreditei que era o
fim, o mais cruel fim para a minha quase-vida. O fio restante da alma
incompleta que restou ficou preso num espaço entre as dimensões da
Terra e Husdeven e assim eu permaneci durante mais tempo do que
pareceu aos meus quase inexistentes sentidos."
"Foi quando um milagre aconteceu. Eu fui salva pela tolice do
Thousand Master."
― O Thousand Master?! Mas do que está falando?! ― exclamou Negi,
surpreso e confuso.
― Não pode ser. ― disse Setsuna, chegando à compreensão
terrível dos fatos.
― Exatamente isso, "mestra". ― tom de diversão na voz
de Set-P estava no ápice. ― Você é quase sempre esperta, não é
mesmo?
― Do que ela está falando, Setsuna? ― perguntou o
professor-mago.
― Eu mostro, professor. ― disse a ex-shikigami antes que a outra
se manifestasse.
Setsuna-P estendeu a palma da mão direta para frente, vazia. Porém
passado um instante todos puderam perceber uma imensa energia mágica
que vinha dali. Uma luz começou a ser emanada da palma aberta e
então dois objetos emergiram da pele de Setsuna-P, atravessando-a
como se fosse uma superfície intangível:
― As gemas. . . ― disse Kamo, assombrado com o poder e luz que
aqueles dois pequenos objetos emitiam.
― Estão com você. ― disse Negi, parecendo hipnotizado pelo
brilho de poder dos amuletos escondidos por seu pai.
― Pelo menos não temos mais que ficar procurando. ― comentou
Kotarô, disfaçando o temor que aquela quantidade de poder
implantava no seu interior.
― Isso é verdade, hanyou. ― concordou Setsuna-P, fechando a
palma e absorvendo as jóias novamente. A sensação do poder
tremendo das mesmas sessou. ― Apesar de isso não significar algo
realmente bom, para vocês.
― O que quer? ― volciverou Setsuna, que não tinha diminuido nem
um pouco a agressividade da sua voz. Sua mão ainda estava segurando
o cabo de Yuunagi com força.
― O que eu quero, Setsuna Sakurazaki, é muito simples: a morte de
todos que me fizeram sofrer. Todos vocês, da Ala Alba, que me
impediram de ser uma pessoa completa. Vocês, que feriram minha alma
e agora vão pagar muito por essa idiotice.
― Setsuna-P. ― chamou Negi, que estava mais tenso com a evidência
de um conflito imediato. ― Estas jóias, estes amuletos. Eles
conseguiram completar aquilo que o Chikarasei não conseguiu, não é
verdade?
― Quer dizer que ela agora não é mesmo um shikigami? ―
perguntou Kotarô, sem disfarçar.
― Exatamente, hanyou. ― respondeu Setsuna-P.
― Mas se você tem uma vida de verdade, porque ainda tem que vir se
meter com agente? ― questionou o meio kuzoku.
― Você realmente não entende? Logo alguém que também carrega
tanta amargura como você, lobo.
"Tudo o que eu quero é vingança."
― Pois você não vai ter o que deseja, Setsuna-P. ― ameaçou a
Setsuna original, assumindo posição para avançar contra a outra.
― Não. Você não devia fazer isso.
Setsuna não deu ouvidos para o que a outra disse e avançou. Konoka
desejou tê-la impedido, mas não se moveu. A shinmei avançou direto
para a sua sombra, porém não chegou a tocá-la. Com um movimento do
braço no ar, Set-P empurrou Setsuna com violência contra a parede
do beco, utilizando de sua imensa energia mágica.
Sakurazaki não perdeu tempo e se ergueu para atacar novamente. Dessa
vez Set-P utilizou sua energia para paralisar o movimento da outra
quando esta deu o seu impulso para o golpe. Kotarô fez menção de
atacar também, porém com a mão livre, Set-P fez um gesto de
negação para o grupo, observando-os com o canto dos olhos:
― Eu não vou matá-los hoje, Setsuna Sakurazaki. Não tente
apressar as coisas.
― Se não quer lutar, porque se revelou? ― questionou Kotarô,
irritado.
― Para poder desfrutar dessas expressões de medo que estou vendo
nos rostos de vocês. ― respondeu as ex-shikigami, com o sorriso
ameaçador de volta ao rosto. ― Quero aproveitar cada momento antes
de tirar a vida de cada um.
― Pois você não terá o que quer.
Konoka encarava Setsuna-P com a determinação intocável. Sua
namorada podia ver através daquela expressão de que realmente a
maga branca já era alguém muito diferente da pessoa frágil que
caíra nas armadilhas da ex-shikigami no passado:
― Konoka Konoe. Você com certeza será a última que irei tirar a
vida. Quero ver toda a dor e ódio que me causou, dessa vez no seu
olhar desesperado.
As duas mantiveram o olhar cheio de ódio recíproco durante algum
tempo. Então Setsuna-P alargou mais seu sorriso:
― Bem que eu poderia dar início agora mesmo no seu sofrimento. ―
disse a Sombra, fazendo um movimento com a mão que apontava para
Setsuna. Esta acabou deixando uma exclamação de dor escapar quando
a pressão sobre seus membros e cabeça se redobrou.
Porém, diferente do que Set-P esperava, Konoka não alterou-se nem
por um instante ao escutar a voz de sua namorada. Isso pareceu
impressionar a algoz, que esqueceu de manter a firmeza do sorriso:
― Se fazendo de forte, Kono-chan?
― Você não pode me atingir, Setsuna-P.
Dessa vez foi a expressão de crueldade inteira da ex-shikigami que
se perdeu. No lugar desta, um ar de verdadeira insegurança tomou
conta do olhar de Setsuna-P. Percebendo o que fazia, esta desviou os
olhos da maga branca e encarou o grupo com o ar de confiança de
antes:
― Por hoje já satisfiz meu desejo de ver o medo de vocês. É o
bastante.
E tendo dito isto balançou o braço estendido para Setsuna,
arremensando esta contra Negi e Kotarô, que a seguraram. Se dizer
mais nada, a ex-shikigami saltou para cima de uma dos prédios
abandonados que ladeava o beco e escapou:
― Cara, estou com a cabeça doendo de tanta coisa que aconteceu de
uma vez. ― disse Kotarô ajudando a meio-uzoku a se firmar.
― Vai ser uma glande histolia para contar às livleiras. ―
ponderou Kuu Fei.
― Só se for uma história de terror. ― disse Konoka, que ainda
observava o local onde Set-P havia sumido de vista.
quarta-feira, 25 de setembro de 2013
Posted by LKMazaki
[Fanfiction] Shadow 5
Olá a todos! Mais uma quarta-feira chegando e junto com ela um novo capítulo de Mastered Negima: Shadow. Como foi anunciado na página do KaS no facebook (https://www.facebook.com/KonoAiSetsu) a autora de Shadow (ou seja, eu mesma) já finalizou a escrita de toda a saga, portanto é só ler e acompanhar, pois Shadow estará aqui presente nas próximas nove semanas aqui no blog.
Mas, sem perder mais tempo, vamos ao capítulo. "Encontros" é o título da quinta etapa de Shadow, isso porque em mais de um lugar estão acontecendo encontros que irão determinar os rumos da trama.
Leitura Online (mediafire)
Mas, sem perder mais tempo, vamos ao capítulo. "Encontros" é o título da quinta etapa de Shadow, isso porque em mais de um lugar estão acontecendo encontros que irão determinar os rumos da trama.
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Aviso-legal:
Mahou Sensei Negima não me pertence. Mastered Negima é uma obra de
fã, sem fins lucrativos.
Mastered Negima Shadow
Capítulo 5: Encontros
Ainda que no Japão fosse verão, no hemisfério sul do planeta o
frio predominava naquela época do ano. Em uma pequena cidade
costeira da América do Sul o frio era tremendo que, se fosse
possível, provavelmente estaria nevando. Como em qualquer lugar
simplório, as tramas relacionadas à magia e poderes extraordinários
acontecia sem que a sociedade "comum" tivesse qualquer
conhecimento.
A mercenária Tsukuyomi caminhava pelas ruas do centro da pequena
cidade observando com olhos atentos a tudo ao seu redor. Tinha uma
pista forte de que um fugitivo da justiça mágica estaria naquele
lugar e a recompensa pela sua captura era enorme. Ainda que não
visse seu alvo caminhando tranquilamente pelas ruas, sabia que ao
menos seu comparsa e servo seria mais fácil de capturar, por tanto
estava em alerta.
Porém não bastou nem a tarde inteira para que ela conseguisse
detectar seus alvos em qualquer parte. Aquilo não a surpreendia. Se
fosse tão simples a recompensa não seria tão alta. Retornou para o
hotel onde estava hospedada, mesmo sabendo que uma ronda noturna
poderia ser mais eficaz. Aquela viagem era também como umas férias
nunca antes tiradas, então ela se permitia este tipo de regalia com
bastante frequência.
O quarto onde estava hospedada era bastante confortável, um dos
melhores do hotel referência da cidade. Ao chegar, Tsukuyomi pegou
no chão um envelope que havia sido passado por debaixo da porta
quando estava fora. Não havia qualquer coisa escrita no remetente ou
mesmo destinatário, mas ela sabia perfeitamente do que se tratava.
Caminhou até a cama e sentou-se antes de abrir a correspondência.
Dentro haviam três folhas de papel, onde duas eram cópias menores
de mapas e a terceira era uma tabela com datas e nomes de locais.
A programação completa da viagem que a Ala Alba faria. Naquele dia
aliás, já devia estar fazendo. Segundo a programação o grupo
teria saido da cidade acadêmica de Mahora no início da manhã em
uma viagem de quatro dias até o longínquo país mágico de
Husdeven.
Tsukuyomi amassou as folhas junto com o envelope e produziu chamas
para consumí-los. Aquelas informações compradas tiveram o efeito
de deixar a espadachim shinmei irritada consigo mesma. Estava fazendo
aquela viagem para longe do Japão em grande parte para esquecer
definitivamente o seu sentimento frustrado por Setsuna Sakurazaki,
mas não era capaz de recusar a compra de informações relacionadas
à esta.
Quando a correspondência havia sido transformadas em um punhado de
cinzas a garota esticou o braço para depositar estas no cesto de
lixo que havia próximo. Por dentro sua cabeça estava tomada por
xingamentos sobre aquela atitude rizível. Já não bastava a
humilhação de ter sido rejeitada graças à uma patricinha,
Tsukuyomi ainda se submetia àquela situação de espionar mesmo
estando distante. Precisava superar aquilo. Esquecer.
Porém um desejo tão forte quanto aquele, quando frustrado,
tornava-se ainda mais difícil de afastar dos pensamentos. Volta e
meia a mercenária se pegava imaginando como seria ser a escolhida de
Sakurazaki. Mesmo que fosse para durar apenas uma ou duas noites, já
seria o bastante para não haver aquela raiva e carência tremendas.
Batidas na porta distraíram a caçadora de recompensas dos seus
pensamentos amargos. Havia armadilhas para perceber a aproximação
do seu alvo e comparsa, então Tsukuyomi imaginou que seria o serviço
de quarto. Caminhou até a entrada sem muita vontade e abriu a porta
sem antes observar pelo olho mágico.
Porém o rosto que estava do outro lado da abertura, sorrindo para
ela era tal que causou um choque tremendo aos pensamentos da
espadachim. Sua expressão deixou a mostra toda a sua surpresa e, sem
perceber, Tsukuyomi se afastou um passo. O entendimento chegou rápido
ao seu pensamento e ela pode se tranquilizar um pouco. Não muito,
pois aquele encontro continuava sendo algo que ela consideraria
impossível:
― Você sabe quem eu sou, não é? ― perguntou a pessoa. O tom
podia ser outro, mas a voz era exatamente como a que povoava as
lembranças mais fortes da mercenária. Sem perguntar, e mantendo o
sorriso no rosto, a pessoa entrou no quarto. Talvez tenha sido
proposital, mas esta não desviou o olhar por nenhum instante dos
olhos ainda surpresos de Tsukuyomi.
Esta demorou alguns instantes para se situar. Quando o fez, tratou de
fechar a porta do quarto. Sua mão direita já estava no cabo de uma
das espadas que usava sobre o casaco:
― Creio que não iremos precisar de nossas armas hoje. Tsukuyomi,
estou aqui hoje apenas para fazer uma negociação.
― Negócios? Comigo? Não consigo imaginar o que. . . alguém como
você poderia querer negociar. ― o tom da mercenária era ríspido.
Aquela situação era estranha demais para conseguir ficar
confortável com qualquer coisa que fosse dita.
― Já vou lhe explicar. ― começou a pessoa, olhando ao redor.
Visualizou duas confortáveis poltronas que haviam perto da larga
janela de vidro que se abria para a sacada. Caminhou e sentou em uma
dos lugares. Tsukuyomi continuou parada. ― A verdade é que estou
te procurando a algum tempo. Desde que retornei a esta dimensão,
para ser mais exata. Preciso de algumas informações e tenho certeza
de que você pode me fornecer.
Tsukuyomi piscou. Ela queria saber sobre a Ala Alba?
― Estive em Mahora hoje pela parte da tarde e percebi que os
principais membros da Ala Alba estão ausentes. Infelizmente a
segurança do lugar não me permitiu investigar isto a fundo. Então
percebi que, se alguém teria esta informação longe dali, seria
você.
― Você está me dizendo que estava no Japão nesta tarde?
― Deslocar-me pelo espaço se tornou bastante simples desde que eu
"renasci". Parece ser uma dádiva que meu bem-feitor me
deu.
Tsukuyomi sentia um instinto cada vez maior de iniciar uma batalha.
Porém sua curiosidade era maior, ou talvez fosse apenas o efeito de
ter aquele rosto sorrindo para si de maneira tão agradável. Ela
queria ouvir a proposta até o final:
― Talvez eu tenha as informações que deseja. Mas eu não consigo
pensar em algum preço razoável por isto.
O sorriso da outra se abriu mais. Exibia uma confiança enorme. A
pessoa se levantou e começou a se aproximar sem pressa:
― Pois eu sei que preço seria adequado para estas informações.
E, para a sua sorte, eu sou a exata pessoa que pode pagar por isto.
A essa altura a pessoa já estava a menos de um passo de distância.
Os pensamentos de Tsukuyomi se agitavam de maneira quase caótica ao
encarar aquele rosto de tão perto:
― Do que está falando?
A pessoa continuou encarando-a por algum tempo, então curvou-se para
falar ao ouvido esquerdo de Tsukuyomi. A mercenária não conseguia
pensar em mover-se dali. Teria sido um alvo dado se aquilo fosse uma
armadilha para aplicar-lhe um golpe mortal:
― Eu tenho. . . este corpo, Tsukuyomi. O corpo que você tanto
ambiciona pode ser todo seu por um dia. Em troca eu apenas levarei
comigo a informação. ― sussurrou a pessoa, endireitando a postura
depois disto. Seu sorriso continuava o mesmo. Tsukuyomi estava
completamente alterada. Encarava os olhos daquela pessoa com choque e
ganância. Estava certa, aquela era uma oferta mais do que ideal para
uma simples informação.
― Fechado.
O sorriso vitorioso da outra foi absoluto:
― Sabia que fecharíamos um grande negócio. ― respondeu a
pessoa, antes de dar mais um passo para começar logo a realizar o
pagamento da sua tão importante compra.
O palácio da governante de Husdeven era bastante suntuoso se
comparado ao resto da cidade. Os muros eram ricos em detalhes
esculpidos na pedra de maneira graciosa. Os portões de metal pesado
se abriram sem muito esforço dos vigilantes quando a Ala Alba chegou
ali. Do grupo que viajara até aquele distante país, Nodoka e Yue
havia permanecido na estalagem onde estavam hospedados. Uma medida
preventiva, já que Kamo havia voltado com uma leve impressão de que
talvez não fosse ser tão bem recebidos po Delaro Igati.
O grupo foi guiado até o hall de entrada do palácio e ali
permaneceu durante algum tempo aguardando. Ficaram bastante
impressionados com os detalhes da decoração, quadros e ornamentos
que haviam em cada canto do lugar. Setsuna se perguntou sobre o quão
rico poderia ser a arte daquela nação para ter uma variedade
daquele tipo de itens e logo deu-se por conta de que provavelmente
aquela coleção devia ser integrada de muitos objetos de outros
mundos paralelos, ou mesmo da Terra. Em seu devaneio momentâneo, a
espadachim chegou a concluir que esse apreço por diferentes itens
estaria em parte relacionado ao paradeiro de dois dos artefatos
mágicos escondidos pelo Thousand Master terem ido parar nas mãos
daquela mulher:
― Vocês podem entrar. ― disse um dos soldados, se aproximando. ―
A Grande Governante Igati os aguarda em sua sala de reuniões.
A dita sala tratava-se de um pequeno salão com grandes janelas onde
o único local para sentar-se era o trono ornamentado onde estava
Delaro Igati a observá-los.
A mulher de pele morena e curvas acentuadas pelo corte de seu rico
vestido apenas os estudou enquanto os dois soldados que haviam no
recinto se retiraram, batendo a porta atrás do grupo ao passar.
Restou apenas o que parecia ser o veterano ou chefe militar, que
permaneceu postado em pé ao lado de Delaro:
― Sejam bem vindas, crianças da Terra. ― cumprimentou Delaro com
uma voz entre o tom frio e adocicado, sem dar-se ao trabalho de
sequer erguer o queixo que estava ligeiramente apoiado no punho
direito.
― Governante Delaro Igati. ― começou Negi, dando um passo a
frente como o líder daquela excursão. ― O time de investigação
mágica da Ala Alba lhe dá os cumprimentos e agradecimentos por esta
reunião em nome de Mahora e das associações de magia japonesas e
britânicas da Terra.
― Mahora. ― repetiu a governante. ― Mesmo nestas terras o nome
deste lugar tem algum significado. Ainda que para nós esta Mahora
seja apenas um local que guarda muitos segredos antigos da magia. ―
comentou Delaro, quebrando a formalidade da apresentação do mago. ―
Mas é claro que quase nada se deve ouvir falar de Husdeven em
Mahora. Os magos da Terra tem uma grande capacidde de ignorar boa
parte do que acontece nas realidades paralelas.
Negi pensou em contra-argumentar a acusação, mas preferiu
permanecer em silêncio sobre tal. Ainda que apenas um par de frases
tenha sido trocado, todos podiam sentir o clima de hostilidade
embutido na fala de Delaro Igati. Neste momento não era apenas
Konoka quem tinha um pressentimento de que as coisas poderiam
caminhar mal naquela conversa:
― Grande Governante. ― retomou Negi, com o exato tom respeitoso
de antes. ― Acredito que ontem meu enviado entregou-lhe uma breve
mensagem que introduzia ao assunto que nos trouxe até seus domínios
nesta ocasião.
― Sim, claro. Apesar de aquele papel apenas ter confirmado o que já
era para mim evidente ser o motivo de tão honorável visitação.
Devo apenas salientar que não imaginaria que o grupo em questão,
chamado Ala Alba, fosse ser tão jovem e tão fraco quanto o que
estou vendo.
― Tsc. ― Kotarô já estava bastante irritado com o deboche na
fala daquela mulher. Já estava preferindo que a ladainha terminasse
logo para que a ação tivesse início.
― Bom. . . ― Negi manteve com perfeição o tom sereno na voz. ―
Surpreende-me um pouco a Governante dizer que já sabia do que se
tratava.
― Claro que sabia, garoto. ― a cada resposta o tom de Delaro
estava ficando mais áspero. ― Vocês foram enviados aqui para
roubar minhas preciosas gemas. ― disse, enfim ajeitando a postura
para encarar os jovens com olhar altivo e frio. ― Só não me
surpreendo com a ardilosidade do vosso plano por não ser do tipo que
duvida dos métodos questionáveis da sociedade Arcana.
Asuna era outra que já estava irritada ao ponto de estar com vontade
de sacar sua carta de pacto para resolver logo a questão de modo
prático:
― Não! Você entendeu errado, governante. ― defendeu Negi. ―
Deixe-nos explicar mais claramente sobre a importância de manter
estes artefatos em segurança máxima. Além disso estamos
autorizados a negociar qualquer valor que venha a ser necessário
para tal, governante.
― Valor? ― riu-se Delaro. ― Quando digo que vocês da Terra
ignoram o que acontece nos mundos paralelos você discorda, jovem.
Porém se realmente soubesse de algo, saberia que tenho opositores
esperando a primeira oportunidade de tirar-me do poder. A única
coisa que mantém a minha autoridade são as gemas. Isso até antes
de vocês começarem a agir, é claro.
Negi ficou sem resposta. De fato aquele detalhe político não havia
aparecido nas pesquisas e nem fora informado por algum professor-mago
em Mahora. Talvez fosse algo que realmente ninguém na Terra
soubesse:
― Percebe o que digo, filho do Thousand Master? Enquanto eu tive o
cuidado de pesquisar a identidade de todos vocês, em contrapartida,
vocês sequer se deram ao trabalho de entender qualquer coisa sobre
Husdeven antes de me furtar e vir com essa ladainha.
― Furtar? Do que está falando? ― manifestou-se Setsuna, com seu
tom sério porém carregado de alguma irritação.
― Você. Pela espada e postura devo admitir que é a shinmei
meio-demônio, certo? Isso justificaria também essa falta de
escrúpulos em vir me questionar com esse tom de falsa inocência tão
natural.
― O que?!
― G-Governante Igati. ― chamou Negi, tentando retomar o controle
da conversa, mesmo percebendo que as coisas estavam desmoronando mais
rápido do que esperaria. ― Realmente não fazemos idéia do que
quer dizer com esta acusação de furto. Chegamos ao seu país a
menos de dois dias então não estamos cientes do que aconteceu.
― Se insistem tanto em bancar os inocentes eu lhes esclareço:
acontece que minhas gemas estão desaparecidas a quase um mês.
Nenhum dos meus inimigos políticos se manifestou, o que me leva a
crer que não esteja em posse de nenhum deles. Um sumiço sem deixar
quaisquer vestígios e agora vocês aparecem para negociar. Para mim
fica evidente que foi Mahora quem se apossou de meus artefatos com
antecedência, apenas para declarar posteriormente como a negociação
foi rápida e acertada com o pequeninho e insignificantes país de
Husdeven!
― Será possível que tinha alguma coisa errada com aqueles
malditos mapas?! ― exclamou Kotarô, enfurecido.
― O que isso significa, Negi-kun?! ― questionou Haruna, porém o
garoto também estava chocado com a situação.
― A própria Hakase disse que o mapa não indicava a posição
atual dos objetos, mas sim as impressões que já teriam tido tempo
de trafegar pelo espaço entre as dimensões e chegar até Mahora. ―
disse Konoka. ― Só podemos acreditar que a localização que vimos
foi anterior ao tal furto.
― A não ser que essa daí esteja tentando nos enganar. . . ―
comentou Asuna. Porém ao escutar esta acusação, Delaro levantou-se
em revolta àquelas palavras.
― Mas vejam se não são os ladrões me acusando neste momento!
Bill, já sabe o que fazer! ― disse Delaro.
O homem postado ao lado da governante, Bill, deu um berro enquanto
batia um dos pés no chão com força, causando um impacto
amplificado por leves ondas mágicas.
Era o sinal. As portas do salão se abriram e soldados começaram a
entrar as dezenas. Não apenas por ali, mas como das janelas e mesmo
vindo das pequenas entradas ao apontendo que haviam na parede às
costas do trono de Delaro Igati.
O campo de batalha estava formado.
quarta-feira, 18 de setembro de 2013
Posted by LKMazaki
[Fanfiction] Shadow 4
Olá a todos! Pergunta feita, pergunta respondida. A maioria dos leitores que participaram da enquete realizada no "KaS pergunta aos leitores #01" respondeu que deseja sim ver a continuação da saga de Mastered Negima, portanto, cá estamos nós para dar sequência à publicação da série.
E com um atrativo novo: a periodicidade semanal! Sim, deste capítulo 4 até o último não haverão mais semanas em branco de publicação. Já que os nosso visitantes escolheram isto eles merecem ter o melhor da equipe KaS nesta tarefa! Portanto, vamos sem mais delongas à continuação de Shadow.
Leitura Online (mediafire)
Aviso-legal:
Mahou Sensei Negima não me pertence. Mastered Negima é uma obra de
fã, sem fins lucrativos.
Mastered Negima Shadow
Capítulo 4: A capital de
Husdeven
Em uma belo escritório, digno de uma verdadeira realeza, Delaro
Igati, uma mulher de pele morena e aspecto um tanto severo,
governante suprema da nação de Husdeven, observava o alvorecer de
uma confortável poltrona. Tinha o costume de escrever seus diários
de pensamentos sempre na primeira hora do dia, o qual qualificava
como momento mais criativo e propício.
Porém naquela manhã mal havia conseguido escrever um par de frases
em suas anotações quando ouviu duas batidas à porta. O general do
modesto exército de Husdeven, também seu grande amigo pessoal,
entrou na sala:
— O que te trás a me interromper tão cedo, Bill? ― questionou
Delaro antes que o outro conseguisse sequer cumprimentar.
― Senhora Delaro. ― disse o homem, já percebendo que alterara o
humor já sempre instável da governante. ― Perdão por adentrar em
vossas dependências a esta hora da manhã, mas trago notícias de
nossos informantes das fronteiras do país.
― Então fale sem demora.
― A comitiva vinda do mundo ordinário chamado Terra. Eles acabaram
de adentrar nas distantes fronteiras do norte. Estão vindo direto
para a capital de trem.
― Entendo. A comitiva vinda em nome do famoso instituto Mahora.
Não. . . a verdade é que eles vem em nome das associações
mágicas daquele lugar.
― Senhora, acredito que recordas perfeitamente a carta de Mahora
que chegou ontem.
― Aquele bilhete apressado e pouco claro. Sim, eu me lembro bem
Bill. Ele dizia o suficiente para que eu esteja bastante curiosa com
a chegada desta comitiva.
― Senhora, o informante da fronteira também acrescentou nas
informações de que o filho do Thousand Master viaja com a comitiva.
― Interessante. Aparentemente Mahora tem um plano muito mais
ardiloso do que aparentou no primeiro momento.
― Do que está falando, senhora?
― Bill, eu sei bem o motivo que os trás até nosso distante país.
Mais ainda, eu percebo o cheiro da sabotagem que estão armando para
nós.
― Sabotagem?! Mas isso é um escândalo!
― Não se exalte homem. Vamos estar preparados para quando essa
dita "comitiva pacífica" chegar aos nossos portões. Vamos
lhes dar uma recepção à altura de suas. . . mentiras.
Asuna estava com uma expressão que a princípio era muito mais de
choque do que qualquer outra coisa e dessa vez nem poderia culpar a
ninguém por isto, pois havia sido ela mesma que havia procurado
saber demais sobre o que não precisava.
Ela e Setsuna estava sentadas em poltronas em um dos vagões
destinados a passarem o dia. Estavam praticamente sozinhas ali, o
resto da Ala Alba provavelmente ainda estava envolvido em um jogo de
carteado no vagão seguinte, que fora o que dera as duas a
oportunidade de conversar com alguma tranquilidade.
A ruiva vinha notando um comportamento um tanto evasivo da espadachim
com a namorada, o que a preocupou. As duas amigas já haviam lhe dado
motivos o bastante para ter o instinto de ficar sempre de olho se
estavam bem. Graças a isso Asuna aproveitara a primeira oportunidade
durante a viagem, ainda no primeiro dia da viagem de trem para
questionar a amiga sobre isto. Só que ela nunca esperaria por uma
resposta sincera da amiga sobre algo tão. . .
― Foi você quem insistiu, Asuna. Eu tentei dizer que não era nada
que precisasse saber. ― defendeu-se Setsuna vendo a expressão de
choque da outra.
― B-Bom. . . ― começou Asuna, pigarreando para tentar desfazer
a surpresa excessiva. ― Acho que todo o casal saudável passa por
essa fase, não é mesmo? Você duas são jovens e se amam, então. .
.
― S-Sim. ― Setsuna não conseguia evitar ficar bastante tímida
ao falar dos seus "problemas", mesmo com sua grande amiga.
― E eu me preocupando! Hahahaha, vocês são umas bestas mesmo
quando estão bem, hein!
― Ei! Não precisa também tirar sarro, Asuna-san. Além disso,
tecnicamente, isso é um problema. . .
― Pois vocês deviam sim ter ficado na mesma cabine e deixado as
coisas acontecerem naturalmente. Não adianta ficar nessa sua
ansiedade maluca, Setsuna. ― Asuna estava quase rindo de si mesma
por estar naquela situação, dando conselhos amorosos sendo que ela
mesma nunca estivera ainda em nenhuma situação parecida com aquela.
― C-C-Como é?! ― Setsuna ficou ainda mais vermelha ao ouvir
aquela sugestão. ― Isso não, Asuna! O Diretor iria descobrir
rapidinho sobre isto!
― Ué, vocês não pretendem passar a vida inteira juntas? Ele não
sabe disso?
― Sabe, mas as coisas não funcionam assim na cabeça de um avô.
Ainda mais um avô poderoso e influente como é o Diretor!
― Eeee. . . Ainda acho que não adianta você ficar fugindo. Além
disso, tenho certeza de que não vai poder fazer nada quando a Konoka
decidir que é a hora.
― . . . ― Setsuna não soube como reagir a isto além de ficar
quieta, com o rosto ainda corado. Asuna deixou a outra em paz e ficou
observando a paisagem que já não era mais a do Japão, mas sim de
uma terra paralela à Terra.
Já era quase meia noite quando Asuna conseguiu enfim chegar à
cabine onde estava alocada para poder se preparar para dormir. Como
estava dividindo com Konoka, não fez cerimônia colocou os pijamas
ali mesmo. A maga estava lendo algum livro de história da magia que
Asuna não tinha tido sequer curiosidade de ler as orelhas. Era uma
verdadeira preguiçosa com literatura tradicional:
― Ei, por um momento nem pareceu que estamos viajando. ― disse a
ruiva, referindo-se ao fato de estarem dividindo um beliche do mesmo
modo que faziam nos dormitórios de Mahora. Então ela subiu para sua
cama e sentiu um alivio maior do que o esperado quando deitou-se.
― Nee, Asuna. Estou começando a pensar que vamos ficar dividindo
quarto assim até o fim da faculdade. ― comentou a maga, sem tirar
os olhos do livro.
― Quem sabe.
Asuna sabia que não tinha qualquer utilidade se intrometer mais no
assunto das duas amigas, porém dessa vez era o bichinho da diversão
quem mais falava ao seu ouvido quando decidiu fazer algum comentário:
― Ei, Konoka. Estive interrogando sua namorada e ela me confessou
que vocês estão num momento meio perigoso do namoro. ― disse
Asuna, com um tom de divertimento bem evidente, para que a outra
pegasse o significado disso instantaneamente.
― Como é?! ― o tom de surpresa que ouviu de Konoka deixou claro
que ela havia entendido bem.
― Isso aí. A Setsuna é bastante ansiosa pra tudo ne. Mas é
engraçado como ela ficou sem jeito.
― Er. . .
― Eu só estava preocupada com vocês duas, afinal aquela lá não
consegue disfarçar quando tem alguma coisa incomodando. Só que eu
não esperava que ela viesse falar tão abertamente do assunto. ―
explicou a ruiva, para que não passasse por uma curiosa.
― Bom. . . Eu não estou assim tão preocupada com isto quanto a
Set-chan. ― começou Konoka, um pouco mais agitada ao falar do
assunto. ― Não que. . . eu não pense sobre isto, eu só. . . acho
que não adianta ficar se preocupando como a Set-chan faz.
― Ne, eu falei pra ela que vocês deviam ter ficado na mesma cabine
e deixar as coisas acontecerem naturalmente. ― provocou a ruiva.
― H-Hã?!
― Hahaha, foi só uma sugestão, ela não aceitou é claro. Mas se
quiser eu posso dar uma lição pra Setsuna deixar de ser tão
medrosa pra tudo.
― N-Não precisa se preocupar com isso, Asuna.
― E você não precisa ficar nervosa, Konoka. Eu sei que vocês vão
ficar bem por si mesmas.
― Mou. . .
A viagem de trem foi como um todo bastante tranquila. O único
imprevisto que ocorreu foi a parada do trem por uma tarde inteira,
devido à uma tempestade que estaria acontecendo mais adiante no
caminho. A essa altura Negi explicou que, apesar do clima quente de
Husdeven, essas tormentas fortes não eram incomuns e podiam ser
desastrosas. Graças a este pequeno incidente, a viagem que estava
marcada para chegar na manhã de ???? acabou chegando apenas à tarde
na bonita, porém nada luxuosa, estação da capital de Husdeven. A
Ala Alba se apressou para desembarcar e sair da estação, para poder
ver melhor aquela cidade:
― Nossa, se não tivessemos pegado um trem de magos para chegar até
aqui, eu nem saberia que se trata de um país do mundo dos magos. ―
disse Asuna.
― Ne, parece mais é um lugar meio perdido no tempo. ― comentou
Haruna, que observava com atenção, como era o costume de seus olhos
de ilustradora.
― Nem todos os territórios dos mundos paralelos à Terra são
assim de aspecto tão mágico, manas. ― ponderou Kamo, que estava
no ombro de Negi.
― Parece bastante com aquelas cidades de jogos de rpg, que tem uma
cara antiga, mas não são sujas que nem as da Idade Média. ―
comparou Kotarô dentro do que conhecia.
― Ei, Kotarô, não sabia que você ficava jogando video game nos
seus encontros com a Natsumi.
― Encontros?!
― Negi-kun. ― chamou Konoka. ― Onde nós vamos passar essa
noite? Será que conseguimos chegar até onde está a governante
antes de anoitecer?
― Até conseguiriamos chegar, mas acredito que não é muito
simpático chegar pedindo abrigo na hora do jantar. ― disse Negi. ―
Acho que esta noite temos que procurar alguma hospedaria.
― Eu me pergunto que tipo de comida eles tem por aqui. . . ―
disse Asuna, que já estava ficando faminta, apesar de não terem
passado muitas horas do almoço.
O grupo partiu pelas ruas da cidade, observando a paisagem com
curiosidade. Apesar da analogia pouco criativa, a comparação de
Kotarô estava sendo bem mais próxima da realidade. Mesmo as roupas
dos habitantes do lugar lembrava mais uma história medieval com ares
de fantasia do que realmente algo que se esperaria do que deveria ser
um país mágico. Ainda que Husdeven recebesse sempre estrangeiros, a
Ala Alba chamou bastante atenção pelo caminho. O provável motivo
era o fato de que, diferente dos outros magos, eles não estavam
vestidos com roupas típicas da sociedade arcana, mas sim com trajes
comuns.
Apesar das indicações escritas estarem em um idioma completamente
desconhecido mesmo à Negi, na fala o grupo conseguia se entender em
boa parte com os moradores locais, então não foi dificil encontrar
uma hospedaria que ficava à uma distância onde já era possível
enxergar as torres do palácio onde morava Delaro Igati. Antes que
entrassem no local onde ficaria abrigados, Kamo saltou do ombro do
amigo:
― Aniki, eu vou levar o comunicado de chegada aos vigilantes do
palácio! Assim eles saberão que iremos visitá-los amanhã.
― Certo. Obrigado Kamo.
Depois de instalados em quartos individuais, boa parte da Ala Alba se
reuniu no salão que deveria ser também o refeitório do lugar. Por
sorte Asuna havia conseguido satisfazer temporariamente seu estômago
com um pacote de salgadinhos que Konoka lhe dera. Era a maga quem
estava controlando o suprimento de petiscos das duas, já que a ruiva
tinha a mania de ficar comendo constantemente quando estava
desocupada:
― Aff. ― suspirou Asuna, quando já estava reunida com Konoka,
Setsuna e o trio biblioteca à uma mesa. ― Apesar de estarmos em um
mundo paralelo à Terra e todas essas coisas, eu não me sinto com
muita coragem para ficar passeando por ai.
― Realmente dá uma insegurança. ― concordou Nodoka.
― Se ao menos soubessemos de alguma atração para turistas. ―
disse Haruna, que folheava entre dois almanaques de mangá com um ar
de desinteresse.
― Eles não parecem ter preocupação sobre algo assim. ―
ponderou Setsuna, observando um grupo de homens sentados à um canto.
Jogavam cartas e bebiam.
― É, não encontrei nenhuma informação sobre algo assim nesta
cidade. ― reafirmou Yue. ― Talvez se estivéssemos na cidade mais
ao norte daqui, Husdragon, ao menos poderíamos ver uns monumentos de
pedra ancestrais que se espalham por um vale.
― Pedras? Eu achava que essa viagem seria bem mais interessante. ―
reclamou Asuna.
― Acho que vocês estão exagerando, para quem acabou de chegar. ―
ponderou Konoka com seu ar alegre de sempre.
― Se serve de consolo, acredito que a próxima viagem será mais
empolgante neste sentido. Yatt é uma cidade-estado litorânea bem
mais movimentada e rica do que este lugar. ― comentou Yue, que já
havia lido detalhes sobre ambos os países mágicos.
― Bom, quem sabe nós consigamos logo esses amuletos mágicos
amanhã e já possamos voltar. ― disse Haruna com alguma esperança.
― Ao menos teríamos tempo de passar uma semana na praia antes de
precisar partir para a próxima excursão. ― disse mais alegre,
mencionando o plano diversão que haviam elaborado antes de partir.
Setsuna foi a única que não pareceu tranquila com aquela ideia.
A noite chegou. Kamo retornou quando estavam quase servindo o jantar.
Trouxe notícias boas: Delaro Igati aguardava-os na tarde do dia
seguinte. O arminho acrescentou que a governante parecia bastante
consciente da situação que levava a excusão de Mahora até ali e
disse estar bastante interessada na conversa do dia seguinte. Negi
presumiu com aquilo que a mulher pretendia, como lhe fora alertado
por alguns professores, negociar a entrega do amuleto. Por sorte o
garoto não havia vindo desprevenido para tal possibilidade.
Depois da refeição (um ensopado bastante comum) o grupo seguiu o
costume local e ficou jogando cartas por várias horas àquela noite.
Pouco a pouco as garotas resolveram ir se retirando até que restou
na mesa apenas Negi, Konoka e Setsuna:
― Acho que não dá pra continuar jogando só com três pessoas. ―
disse Setsuna, arrumando o baralho que ficara espalhado da última
rodada.
― Ainda mais quando é quase impossível ganhar da Konoka-san.
― Não exagere Negi.
― Talvez eu deva ir me deitar também. ― ponderou o rapaz. ―
Sabem, apesar de estarmos aparentemente bem, eu estou com uma
ansiedade que não consigo compreender bem. Claro que não sou nenhum
expert em presságios, mas dizem que cada mago deve escutar com
atenção seus sentimentos.
― Acha que algo pode dar errado, sensei?
― Não sei mesmo, Setsuna-san. Espero que essa sensação seja
apenas a ansiedade de estar buscando as relíquias escondidas pelo
meu pai.
Então Negi se despediu do casal e dirigiu-se para o pavilhão dos
quartos. Setsuna terminou de arrumar as cartas que guardou no bolso
do casaco leve de verão que usava:
― Kono-chan? Está tudo bem? ― perguntou a shinmei, observando a
distração na qual estava sua namorada.
― Ah, sim. ― respondeu Konoka, parecendo acordar de seus
pensamentos. ― Acho que estou um pouco cansada apenas.
― Viajar é cansativo, Kono-chan. É melhor nos retirarmos também.
Ainda que a espadachim tenha feito um novo escândalo quando Asuna
sugerira que ficassem em um quarto de casal na hospedaria, Sakurazaki
havia tomado o cuidado de pegar duas instalações adjacentes. Ainda
era uma guarda-costas e precisava estar sempre pronta para agir em
alguma emergência.
Entrementes Konoka estava bastante concentrada em seus pensamentos. A
maga não conseguia mais ignorar o fato de que, a cada noite que
passava seus pressentimentos se tornavam mais claros e incisivos.
Parecia claramente que quanto mais próxima do objetivo da excusão a
maga estivesse, mais seus pensamentos e sonhos eram tomados por
visões terríveis e violentas. Ela se arrependia de não ter
comentado nada com Evangeline, antes do começo da viagem. Ainda que
a vampira tentasse sempre passar uma imagem cruel, Konoka sabia bem
que era na verdade bastante dedicada aos seus discípulos e aos (que
não aceitava chamar de) amigos.
Konoka já estava paranóica com o que poderia acontecer. Seus
sentidos estavam em maior alerta do que nunca naquela noite. Sabia
que estaria sendo uma garotinha mimada, mas a verdade é que já não
sabia como agir, graças àquele aperto terrível no peito:
― Ne, Set-chan. ― chamou a maga, interrompendo a namorada. As
duas já estavam às portas dos aposentos de Konoka.
― O que? ― o tom sério na voz da Konoe surpreendeu e preocupou a
espadachim.
― Será que você não se importaria de ficar no meu quarto essa
noite, Set-chan?
― Ah. . . ― ainda que Setsuna tivesse percebido que o sentido
daquele pedido era bastante sério, não conseguiu evitar corar um
pouco. ― B-Bom, eu posso pegar o colchão do meu quarto, se você
deseja, Kono-chan.
― É, isso seria ótimo. ― Konoka sorriu um tanto aliviada.
Setsuna não perdeu tempo e tratou de fazer a pequena mudança. Logo
seu colchão estava ocupando quase todo o espaço disponível no chão
do pequeno quarto individual que a maga estava hospedada. Setsuna
então retornou ao seu próprio para colocar os pijamas:
― Ne, Set-chan. ― chamou Konoka quando a outra voltou já de
roupa trocada para ficar de vez no pequeno quarto. ― Até que é
bastante cedo ainda, podemos conversar um pouco antes de dormir.
― Como quiser, Kono-chan. ― apesar do nervosismo, Setsuna estava
mesmo preocupada. Ela sabia bem que Konoka era uma pessoa muito mais
forte do que ela para lidar com coisas ruins, então, se a maga
estava demonstrando aquela apreensão é porque realmente as coisas
estavam ruins para ela.
― Gomen ne. ― pediu Konoka quando ambas deitaram em seus
colchões. A maga aconchegou-se mais próximo à beira da cama para
poder fintar o rosto da namorada. ― Desculpe te chamar pra cá, mas
eu não queria ficar sozinha esta noite.
― Não precisa se desculpar. Eu sempre vou querer estar na sua
companhia, Kono-chan. ― respondeu Setsuna, esticando o braço para
pegar a mão da namorada.
― Heh. Fiquei com medo de que recusasse.
― Você fala como se eu não gostasse de ficar mais tempo junto de
ti, Kono-chan.
― Não seria por não gostar que você recusaria ne.
― . . . ― Setsuna não soube o que responder àquela indireta
bastante direta e resolveu mudar um pouco o rumo da conversa. ―
Kono-chan?
― Hm?
― O que está te preocupando?
― Eu. . . prefiro não pensar muito nisso, né. Por hoje acho que
estar perto da Set-chan já está bastante bom para que nada
aconteça.
Setsuna fintou o olhos castanhos que não escondiam muito bem o medo
que havia no coração da maga. Porém a espadachim já havia
compreendido que não adiantaria insistir.
― Se basta mesmo. . . ― começou a shinmei, sentando-se no
próprio colchão. ― Então sorria um pouco mais, Kono-chan. ― e
dizendo isto Setsuna depositou um beijo carinhoso nos lábios de sua
amada. Quando se afastou, Setsuna pode ver um sorriso e bobo de
Konoka, acompanhado de um leve rubor nas bochechas.
― Vamos dormir, né, Kono-chan.
― Está bem.
quarta-feira, 11 de setembro de 2013
Posted by LKMazaki