Posted by : LKMazaki quarta-feira, 30 de julho de 2014

Olá a todos!

Hoje trago mais um fanfic aqui para o KaS. Um oneshot que já estava (quase) pronto a mais de um ano e não tive coragem de finalizar para compartilhar com vocês. O motivo? Ser uma história meio séria ambientada em Yuru Yuri.

Pois é. . . Isso mesmo. Um breve drama com toque de romance ambientado alguns anos depois da história de YrYr. A protagonista, só pra dar noção, é ninguém menos do que a estranha da Chinatsu.

Enfim, minhas opções eram ou trazer isto ou demorar ainda mais para postar algo novo, ENTÃO. . . Espero que não me matem por essa história! Fics são especulações de fãs, não precisam levar tão a sério.

Er. . . boa leitura e façam os comentários/críticas que julgarem pertinentes.

Nota rápida:  como não tive muito sucesso em algumas empreitadas para o KaS, é provável que compense isto trazendo novos contos, Originais e fics, com temática yuri para vocês nesses espaços de quarta-feira. Espero que seja do agrado dos pacientes para ler online!


Outras opções de leitura



Yuru Yuri fanfiction – Apenas uma chance

por LKMazaki



O vento soprava gelado pelas ruas. Os estudantes passavam de cabeça baixa e as bochechas enfiadas em cachecóis grossos. As típicas conversas que se escutavam pelas ruas naquele horário hoje não aconteciam. Talvez fosse isso que trouxesse a impressão de melancolia, e todos culpavam o frio por isto.

Yoshikawa Chinatsu estava alheia a tudo na pequena lanchonete à duas quadras da escola onde estava se abrigando. Com o rosto completamente enterrado entre os braços, ignorando por completo o café que fumegava à sua frente, tudo o que chegava ao pensamento da jovem eram os ecos das vozes agressivas que lhe bombardearam a poucas horas.

“Como você pode fazer isso?!” ressoou uma voz deveras familiar. A voz que ela poderia reconhecer mesmo em seus sonhos: Funami Yui.

“Antes de qualquer coisa você destruiu a nossa amizade! Todos esses anos jogados no lixo!” berrava sem pausa nas memórias de Chinatsu a voz de Toshino Kyouko.

“Você é a pessoa mais asquerosa que já conheci, Chinatsu.” aquela era a declaração mais dolorosa que ela já ouvira da voz que tanto amava.

Depois de todos os acontecimentos e verdades ditas, não havia como Chinatsu negar a si mesma tudo o que havia feito de mal. No alto de seus dezesseis anos sentia-se um lixo de pessoa. Encarava todos os defeitos mesquinhos que fingira não enxergar durante toda a vida e isso lhe causava um embrulho forte no estômago. Era podre e egoísta. Usava tudo e todos ao redor para atingir seus objetivos. Nada lhe importava além de buscar suas obssessões fúteis, nem mesmo amizade ou ética. Merecia tudo o que estava acontecendo agora. Era apenas o fruto de todo o mal que plantara na vida das pessoas ao seu redor. Ela enxergava isso claramente.

Porém era tarde demais para mudar. Estava sozinha. Continuaria sozinha. Ninguém mais daria-se ao desgosto de aproximar-se dela sabendo do que era capaz. Mesmo quando se formasse e fosse para uma universidade onde ninguém lhe conhecesse, logo seria percebida a verdadeira natureza cruel que havia nela e a história se repetiria. Não havia escapatória, nem que tentasse mudar quem e era.

E Chinatsu não acreditava que alguém fosse capaz de mudar.

Também se perguntava porquê ninguém havia tentado acordá-la dos seus atos durante todo aquele tempo. Não era algo recente e pensando bem, não era nada imperceptível. Amigas provavelmente deveriam brigar umas com as outras para não lhes deixar cometer bobagens ainda maiores.

Talvez elas tivessem pensando desde o começo que não havia o que ser feito para que ela fosse uma pessoa melhor.

Chinatsu levantou a cabeça e provou um pouco do café que lhe esperava. Estava apenas morno agora, mas era o bastante. Seus olhos ardiam e ela sabia que deveriam estar ainda bem vermelhos. Só desejava fechar os olhos e esquecer de toda a situação por horas ou até dias, mas as lembranças e retrospectivas imergiam nos seus pensamentos a cada momento.

Ela sempre tivera o hábito de implantar pequenas intrigas com as amigas, mesmo quando ainda eram alunas do ensino fundamental. Naquela época as coisas eram mais simples. Uma disputa boba de atenção, um ato infantil de ciúmes. Nada comparado às farsas que implantou no início do colegial. Um verdadeiro golpe de mestre. O ato de uma pessoa dissimulada.

A verdade é que Chinatsu manteve-se apaixonada por Yui durante todos aqueles anos e o desenrolar dos acontecimentos só lhe fizeram ficar mais obssessiva e cega pela sua atração. Mesmo depois de declarar-se e levar um fora, Chinatsu não desistira. Somente agora ela conseguia perceber a proporção dos seus pecados. Fora capaz mesmo de destruir o pequeno sentimento que brotou entre Yui e Kyouko quando estavam no segundo ano. Não tentaria se enganar pensando que se não fosse por aquilo Kyouko jamais teria enfim enxergado os sentimentos de Ayano, por que no fim das contas a ruiva havia lutado por aquilo por si mesma. Não, Chinatsu mentira e jogada as amigas uma contra a outra na tentativa de destruir algo que acabaria com suas chances. E fora bem sucedida.

Porém ainda demorou mais de um ano para que finalmente ela pagasse por estes acontecimentos e todos os outros que vieram em decorrência. Somente naquela tarde, na que fora definitivamente a última reunião do clube de entretenimento. Os gritos de Yui e Kyouko ainda ressoavam na cabeça da jovem.

“No fim, só estou recebendo o que mereço.” sentenciou a jovem, por fim.







A neve começou a cair quando o dia já chegava ao fim. Akaza Akari apressou o passo, olhando para cada canto. Rezava para que ainda conseguisse encontrar Chinatsu a tempo.

Depois das coisas horríveis que haviam sido ditas naquela tarde e conhecendo bem os pensamentos muitas vezes irrefreados e explosivos da garota, Akari temia que alguma coisa ainda pior acontecesse. Era uma história de anos afinal, não havia como Chinatsu sair daquilo sem se ferir quase que mortalmente no processo.

Akari refreou uma risada de alívio quando vislumbrou os fios rosados de cabelo que voavam para fora do capuz do grosso casaco marrom que Chinatsu usava. Correu para alcançá-la, esperando estar próxima o bastante para enfim chamar seu nome:

― Chinatsu-chan!

Chinatsu virou-se e seu rosto inxado pelas lágrimas transpareceu sua surpresa ao ver Akari:

― A-Akari-chan?! O que. . . ― ela começou, atônita.

― Akari estava tão preocupada, Chinatsu-chan! ― interpôs Akaza, sem deter-se.

― Você estava me procurando? Por que? ― questionou a outra, sem compreender.

― Por que Akari estava preocupada com o que poderia ter acontecido. ― disse Akarin, com sinceridade.

Chinatsu encarou em silêncio a ruiva por algum tempo. Lágrimas silênciosas brotaram e escorreram pelas bochechas coradas:

― C-Chinatsu-chan?! ― exclamou a ruiva, quase saltando no lugar de susto por aquela reação.

― Eu não te entendo, Akari. ― disse Chinatsu, com a voz embargando.

― Hã?

― Eu te fiz tanto mal durante todo esse tempo. Usei e abusei da sua bondade para tentar me aproximar mais da Yui-senpai. Eu te usei, Akari! Por que diz agora que estava preocupada?! ― perguntou, exasperada.

― Por que Akari não gosta de pensar que você possa estar sofrendo mais do que aguenta, Chinatsu-chan. ― respondeu Akari, mais uma vez sem refrear a verdade.

A garota de cabelos róseos arregalou os olhos àquelas palavras. Não conseguia acreditar que alguém poderia ser tão bondoso e perdoar crimes tão sinistros daquele jeito simples. Ela merecia ser humilhada e abandonada por todos, também especialmente por Akari, mas ali estava a ruiva. O coração de Chinatsu batia forte contra o peito e ela sentia-se ainda pior por perceber que a esperança havia brotado diante daquele olhar caridoso:

― V-V-Você é uma pessoa. . . incrível, Akari. Eu. . . não mereço esse p-perdão. ― guaguejou Chinatsu, limpando as lágrimas que já tomavam todo seu rosto, tentando desviar o olhar o máximo possível.

― Akari não é uma pessoa tão boa assim quanto você diz, Chinatsu-chan. ― disse a primeira, em um tom mais determinado do que até então.

― Eu te usei, Akari-chan! Eu te beijei para tentar despertar o ciumes da Yui-senpai! Eu passei por cima dos seus sentimentos e foi mais de uma vez! Como não poderia ser incrível você ser capaz de não me odiar por isto?! ― Chinatsu argumentava com toda a sua força. Ela era um monstro. Havia feito mal a todos e uma das suas maiores vitimas estava bem ali, dizendo estar preocupada. Era surreal.

― Você entende as coisas errado muitas vezes, Chinatsu-chan.

― O. . . que?

― Akari pensou que Chinatsu-chan pudesse fazer ainda mais bobagens depois de tudo o que aconteceu hoje, de tudo o que as garotas falaram. Akari não poderia viver se algo assim acontecesse mesmo. ― confessou Akaza, com o olhar mais pesado, quando as possibilidades sinistras voltavam a seu pensamento.

― A-Akari. . . chan? V-Você realmente se preocupa com todo mundo ne, até mesmo eu.

― Não. . . ― disse Akaza fintando os olhos vermelhos de Chinatsu com algo que pareceu frustração. ― Chinatsu-chan. . . eu. . .

― Hã? ― o coração da garota de cabelos róseos deu um salto quando a outra usou o pronome na primeira pessoa. O olhar de Akari era tão sério e até dolorido que Chinatsu esqueceu completamente do que lhe aflingia e observou preocupada.

Porém a mensagem de Akari não veio através de palavras. Sem parecer ter coragem de dizer mais alguma coisa, Akari aproximou-se e tocou de luvas as bochechas quentes de Chinatsu. Esta sentiu um arrepio correr pela espinha quando sentiu o carinho suave que os dedos protegidos da outra faziam na sua pele.

O olhar das duas estava grudado. Havia um brilho no de Akaza que fazia a outra sentir a força faltar nas pernas. Não conseguia entender nem acreditar nos pensamentos que lhe vieram à mente. Era surreal, mas fazia seu coração acelerar.

Akari abriu a boca para tentar dizer alguma coisa, mas as palavras faltaram enquanto ela encarava os olhos azulados à trinta centímetros. Desistiu e fez a única coisa que poderia explicar por ela tudo o que as palavras não fariam durante a noite inteira.

Akari beijou Chinatsu, deixando seus lábios acariciarem os da garota da maneira mais paciente e carinhosa o possível. Chinatsu não teve reação no primeiro momento, mas logo foi absorvida pelo calor e conforto daquele beijo longo, deixando que aprofundasse o contato. Esta podia escutar as batidas sonoras do próprio coração contra o peito. Akaza tremia, mas demorou para que recuasse, separando-se do toque.

― Akari. . .

― Eu não sou uma pessoa bondosa, Chinatsu-chan. Eu só. . . precisava te ver. Depois de tudo eu não aguentava pensar que algo poderia acontecer. ― disse a ruiva,

― Ah. . .

― Talvez você seja uma pessoa ruim, Chinatsu-chan, mas. . . eu sei que você só precisa de uma chance para melhorar. ― disse Akari, com um sorriso fraco tomando seu rosto ainda corado. De repente era como se o inverno tivesse acabado.
Sem palavras a única opção restante para Chinatsu foi atirar-se contra Akari, deixando-se abraçar e apertando a outra com toda a força que tinha nos braços cobertos por camadas de roupas grossas. O choro extravazou mais do que nunca e os berros de angústia foram abafados pelo casaco da ruiva. Em poucos minutos a dor pareceu escapar como o ar e apenas a sensação de conforto foi restando no consciente de Chinatsu.

Para Akari aqueles minutos foram apenas de alívio e satisfação. Nada demais havia acontecido afinal e ela ainda conseguira enfim colocar em palavras (e atitudes) o que estava guardando a tempo.

Ela não era uma vítima, mas talvez o maior algoz. Aquele que faz a verdadeira vítima nem perceber o que está acontecendo.

Heroína ou vilã, não importava mais. O importante é que, dali em diante, caberia apenas às duas consertar as coisas e tentar sorrir todos os dias, apesar de todos os erros do passado. Talvez fosse difícil para Chinatsu se perdoar depois de tudo, mas com aquela ajuda especial tudo seria diferente.





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