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- Strawberry Shake Sweet: Delírios de Amor
Posted by : Unknown
domingo, 1 de abril de 2012
Dar uma definição exata para Strawberry Shake Sweet, talvez
seja limita-lo um pouco, mas o mais justo aqui seria chamarmos de comédia romântica
nonsense. É bem nos moldes de Kaichou wa Maid-Sama (lançado no Brasil, pela
Panini), repleto de romantismo e situações hilariantes. O romantismo é daquele
bem shoujo-ai; gostoso e ao mesmo tempo, enervante. Gostoso porque não tem
pressa em desenvolver a relação afetiva entre as duas garotas, enervante porque
demora pra rolar algo mais intimo, com mais pegada (nesse caso, um beijo, um
amasso) e pior, às vezes nem rola (!!).
Strawberry Shake Sweet é um mangá shoujo-ai, da mangaká Shizuru
Hayashiya, que foi serializado durante longos anos (de 2003 a 2008), primeiro
na revista Yuri Shimai (da editora Sun Magazine), e depois na revista Comic Yuri
Hime (da editora Ichijinsha), logo após a antologia anterior ser descontinuada.
Ao todo são 2 volumes, o que se
justifica por causa da periodicidade da revista Comic Yuri Hime, que no caso é
trimestral. O que é bem normal se tratando de antologias yuris, que fazem parte
de um mercado pequeno. Mas a troca de revista, pouco afetou o conteúdo do
mangá, o mais visível que se nota é a troca de titulo, onde na Yuri Shimai, era
apenas chamado de Strawberry Shake, e claro, o traço acaba sofrendo uma sutil
alteração. Strawberry Shake Sweet que nasceu com a ideia de ser apenas um
one-shote, teve com justiça seu potencial expandido e depois de 5 capítulos
serializados na Yuri Shimai, teve seu valor reconhecido ao ser resgatado para
uma nova antologia. E posso dizer com toda verdade: QUE BOM!!!
Aqui, novamente vamos embarcar no universo das idols
japonesas (já abordado aqui no KaS, nesse post), sempre retratado de uma forma
extremamente caricata nos mangás yuris (aqui, estou falando da demografia e não
do conteúdo). Então, novamente embarcamos nesse universo caricato, acompanhando
Julia Tachibana, que trabalha para agencia Shanghai Talent Limited. A história
faz uso daquele esqueminha presente em 99% das histórias yuris em geral, onde garota
conhece garota e rola uma paixão ardente. No caso, a Julia é obrigada pelo dono
da agencia, a cuidar e treinar uma nova promessa; Asakawa Ran. Uma garota com
sangue japonês, mas aparência americana, devido ao envolvimento de sua mãe
japonesa, com um americano. Além da aparência, o que mais se destaca em “Ran
Ran”, é sua altura, tanto que ela mais parece uma jogadora de basquete.
Enquanto isso, Julia é pequenina e isso gera não apenas um contraste excelente,
como também situações hilariantes, com essa relação de Senpai e Kouhai.
Clichê, não é? Mas é exatamente essa a intenção. Strawberry
Shake é um mangá que brinca com todos os clichês presentes nas histórias de
shoujo-ai, ao ponto de as personagens quebrarem a quarta parede a todo o
instante. Se você é um fã da Milk Morinaga, sem dúvidas a mais conhecida autora
de mangás yuris aqui no ocidente, com certeza vai notar diversas situações de
puro escracho e zoação. Só faltou mesmo, se passar em um ambiente escolar.
Outro mangá do gênero, que parodia o gênero com certa destreza, é Maria Holic,
mas Strawberry Shake Sweet tem um charme a mais, que é o romantismo.
Inicialmente, Julia assume um papel de confronto com Ran
Ran. Julia que era tida como o maior nome da agencia, vê seu reinado ameaçado
com a chegada desse novo talento. É divertido ver a ofensiva de Julia para cima
de Ran Ran, enquanto essa, super ingênua e aérea, a admira do fundo de seu
coração, não percebendo as intenções de sua sempai. Mas Julia, rapidamente se
apaixona e cai de amores por Ran Ran, que continua em sem próprio universo
(LOL), continuando não a perceber as reais intenções da sua sempai. Esse é um
legitimo romance entre uma cabeça de vento e uma idiota (!!). O mais gozado
aqui é ver Julia assumindo um papel de Seme (ativo da relação) que não lhe
pertence. É ela que primeiramente nota-se apaixonada pela Ran Ran, e desde
então elabora diversos planos “infalíveis” para ficar próxima de sua kouhai, e
claro, tudo acaba fracassando sempre. E pra piorar, ela ainda não pode contar
com o apoio de sua agente pessoal, Ryoko Saeki, que abomina esse tipo de
relação entre mulheres. Boa parte do mangá, o que vemos é isso, Julia em modo
pervertido LEVEL 5, tentando de tudo pra conquistar e ficar perto de Ran Ran.
Strawberry Shake Sweet é um manga hiper divertido, que me
fez dar altas gargalhadas e relê-lo algumas vezes (algo que não costumo fazer).
É tudo deliciosamente obvio e eles brincam com isso a todo instante. Tanto
Júlia, quanto Ran Ran, são super lerdas e mesmo quando uma declara o amor, pra
outra, a coisa não acontece, não anda. E é divertido, putz! Sensacional.
Confesso que a primeira vez, eu rangi os dentes, pois ainda não havia pegado
qual era o POV do mangá, mas depois que tudo fica claro, é difícil não
resistir. Eles pegam vários clichês e tabus do shoujo-ai, e se divertem com
isso, quase, quase um Gitama. Quando Julia e Ran Ran, finalmente ficam juntas,
numa sequência alucinante e de puro nervosismo, a relação ainda fica estagnada,
porque a Uke da relação (no caso, a Ran Ran) ainda não pegou o jeito certo, e
então as duas ficam apenas de mãos dadas e olhando uma para a cara da outra na
cama (!!!).
O universo em que a história acontece, é quase que
completamente feminino. O editor, é uma figura para lá de caricata e que não
representa nenhum perigo para o “Conto de Fadas Yuri”, e o único personagem
masculino que realmente apresenta uma ameaça, quando se declara para Júlia, é
completamente avacalhado pela autora. Coitado. Só lendo pra saber. O ponto alto
de Strawberry Shake, que são os personagens, também é o pior defeito. Eles são
tão bons, que dá pena vê-los tão subaproveitados. A própria história, pega um
ritmo rápido demais a partir de determinado capítulo e acaba decepcionando um
pouquinho. Havia histórias que poderiam ser mais bem exploradas ali, rendendo
ao mangá uns 3 ou 4 volumes, mas muitas coisas acabam sendo deixadas de lado e
a história principal tendo um desfecho assustadoramente apressado, gerando um certo
anticlímax.
Não importa o que a Saeki faça, não dá pra conter o apetite sexual de Julia-chan, rs! Morro de rir da Saeki |
Ryoko Saeki foi de longe, a minha personagem preferida na
história. Sua aversão a garotas se relacionando, sua preocupação, como agente
de Julia e Ran Ran e a paixão platônica a qual sua amiga de longa data, Kaoru
Shinjo, sente por ela, tornaram-na extremamente interessante. Suas caras, bocas
e pensamentos, são impagáveis e as tentativas de Kaoru de dar uns “pegas” nela,
são insanas. Acredito que ela merecia um arco próprio, com sua história sendo
desenvolvida. Durante o mangá, é introduzido um grupo de lésbicas, a banda
Zlay, que é uma parodia de uma banda real, a “Glay”, que acabam sendo bem secundarias,
mas nesse caso, sem grande prejuízo. Apesar de que poderiam ter rendido mais. Mas
certamente, é o desenvolvimento de Ran Ran, que mais decepciona, uma vez que
ela é o grande “Deus Ex-Machina” da história, quando o clímax acontece. Mas Shizuru
Hayashiya, resolve pular uma parte essencial, provavelmente pela história ter
que terminar com 2 volumes e as situações acabam soando um pouco forçadas.
Mas se Strawberry Shake Sweet falha no quesito drama,
consegue ser agradável e convincente com o seu romance, repletos de ternura e
um pouco de tensão em algumas páginas. A brincadeira em torno do beijo foi
sensacional, uma vez que beijos é o grande dilema dos mangás shoujo-ai. E
claro, a comédia nonsense é o motor aqui e que faz a história andar
deliciosamente. Vários tipos de piadinhas (como a dos lírios, que é yuri, e das
rosas, que é yaoi), trocadilhos, referências e aquele tipo de humor gag que
muitas vezes só é engraçado para o japonês, por envolver um contexto que não
nos é familiar. Esse mangá é repleto disso, de várias piadas e trocadilhos, que
acabam se perdendo na tradução.
Destaco novamente, a brincadeira em torno dos clichês. Cada
personagem é basicamente um arquétipo das histórias shoujo-ai, que vemos sempre
por ai. A Julia é a sempai, sempre cool. Veterana e conquistadora, mas—OH WAIT,
Shizuru Hayashiya zoa completamente com ela, a deixando como uma garota
desastrada e completamente pervertida (as piadinhas em torno das perseguições
da Julia à Ran Ran são sensacionais; “Quer dizer que você é uma perseguidora?”),
sempre rompendo em hemorragias nasais quando fica fantasiando ou é abraçada por
Ran Ran. Enquanto isso, Ran Ran é construída como a típica “donzela” yuri; aquele
lírio puro, branquinho, imaculado e ingênuo, mas é completamente destruída no
processo. Começando pelo seu character designer, que é completamente inverso ao
que intendemos como garotas Uke. Ela é altona, alheia a tudo que se passa ao
seu redor e não percebe as aleatoriedades de Julia, sempre soltando fluidos
(HOHOHO) por tudo que é orifício por causa dela. Em meio aquele universo de
contos de fadas, com todas as personagens sendo lésbicas, encontra-se Ryoko
Saeki, completamente frustrada e revoltada com aquilo tudo.
Strawberry Shake Sweet é uma comédia shoujo-ai, repleta de
humor pastelão e romance, que merece ser apreciado. Principalmente, por ser um
dos mais populares (como se mostrou aqui numa enquete realizada, sobre os 100
mangás yuris mais pops até o ano de 2010). A arte é excelente e foge completamente
do senso de realidade e adequada a cada situação presenciada no mangá. Shizuru
Hayashiya coloca aqui uma arte bem limpa, agradável e com uma escrita excelente.
Você lê o primeiro volume e instantaneamente, quer devorar o resto. Os layouts
tem um fluxo de leitura excelente, com uma ótima disposição para cada quadro. O
problema é a presença em diversas páginas do formato yonkoma. Como eu não
sabia, quando peguei pra ler, eu fiquei bastante confusa. Mas não é nada que
atrapalhe o ritmo de leitura, só causa um pouco de estranheza inicialmente, já
que se trata de um mangá convencional. O timing da Shizuru Hayashiya para o
humor é excelente, seja nas reações estabanadas de Júlia quando está perto de
Ran Ran, ou no excelente tom sarcástico de Saeki.
Hayashiya consegue captar de forma incrível cada expressão
dos personagens, seja a inexpressividade, fraqueza emocional, delírios yuri, tudo
leva ao riso frouxo. A paródia em torno do grupo Zlay, uma banda de visual key,
formada por garotas excêntricas e lésbicas, são sensacionais, por ficarem a
todo o momento cutucando o leitor yurifag (“Mulher que é bão, eu quero é mulher
com mulher”) e abusando dos clichês (jamais me esquecerei, de uma delas
dizendo: “Eu já fui vítima de dois perseguidores. Um homem e uma mulher. O
homem, eu espanquei e depois chamei a policia. A mulher, eu levei pro meu
apartamento e fizemos amor”). Se ainda não conhece Strawberry Shake Sweet, esse
é o momento.
Autora: Shizuru Hayashiya
Volumes: 02
Gênero: Comédia/ Romance/ Parodia
Demografia: Shoujo-ai
Ano: 2003/2008
Onde Encontrar: Aino Scalantion
ahhh, tava só esperando aparecer isso aqui pelo KaS
Strawberry Shake Sweet é ótimo *0*
Mesmo com seus defeitos, não tem como não rir bastante e em alguns momentos achar fofinho.
E os papeis de seme/uke embaralhados é legal demais.
Sim, poderia ser muito melhor, mas soube ser bom na medida certa. E é um dos poucos que me fez gargalhar alto.
=)
Sinceramente, encontrei essa série por acaso. Estava procurando umas imagens de Candy Boy, e tinha umas da Saeki junto das de Kanade, provavelmente por causa do cabelo e dos óculos, que estão parecidos em algumas cenas. Mas como tinha o nome da série e da personagem, eu procurei, comecei a ler e adorei! Desde as tiradas da Saeki até as várias investidas da Julia e a Ran, com seu jeito desligado, tudo me divertiu muito, e eu nem sou muito fã de comédia. Gostei bastante da Saeki e seus surtos com as tentativas de Julia, principalmente quando se pensa no fato de ter sido ela quem fez a menina perceber o que sentia...
Lindo esse post, Roberta, Parabéns.
Mas me diz uma coisa: Eu não fui o único que percebeu a referência a FLCL na cena em que Julia decide investir em Ran, né?(adoro aquele mergulho...)
eu amo, é o meu favorito ever! inclusive traduzi e editei o ultimo cap all by myself quando tava no #Aino *maniac* isso mesmo, eu, haha 8D
@Fellipe "Kajelani"
Realmente a Saeki tem um char que lembra Kanade, principalmente em muitas imagens promocionais por ai =)
Obrigada.
@And-chan
HAHAHAHAHA puro inception, isso. Fica o obrigada por ter ajudado a traduzir essa preciosidade. =)
esse mangá é excelente, pena que é curto, eu dei altas gargalhadas kkkkkkkkk amoooo a Julia-chan *---* com certeza é um dos meus preferidos, adorei a resenha ;D
Esse título é muito alegria de viver, adoro demais, tá no meu top 3 dos melhores yuri (na minha opinião), e acho que não sai dessa minha lista tão cedo. =P
Uma das principais razões por ter me empolgado tanto com ele, foi justamente o fato de não se passar numa escola, pq os yuri que via no site eram mais ou menos na mesma situação, aí já fiquei curiosa, depois o humor nonsense pastelão, e o traço lindo... Se fosse possível virar fã de um autor apenas por causa de uma obra, eu seria a fã número um da Shizuru Hayashiya.
Acho que como a maioria, gostaria que tivesse mais volumes, ganhasse animes, OVAS, dramas Cds, prêmios, live actions; pra mim, merece muuuuuuito reconhecimento
Uma das histórias que gostaria que tivesse mais desenvolvimento é a da Sera e da Rena, e seria legal um doujin sobre a primeira vez da Julia e Ran (xD)
Pena que teve que fechar com apenas 02 volumes =/ Quem sabe um dia dê a louca na autora e ela faça um SSS extra (sonhar é bom)
Gostei da postagem
Eu queria saber onde ler esse manga online em portugues pois quando vou procurar no google so aparece legendado
Aonde eu posso ler esse mangá, eu não achei em nenhum lugar!?