by Mazaki.
Olá pessoal! A quanto tempo eu não aparecia no Kono-ai-Setsu, não é mesmo? Aliás, espero que vocês ainda me conheçam né (tanto tempo trabalhando só nos bastidores). Bom, o importante é que a fic-writer da equipe voltou e hoje eu trago um emocionante one-shot de de de. . . ora, vocês já viram no título, é de Neon Genesis Evangelion.
Sim! Enquanto eu não apareço com mais uma das infinitas sagas de Mastered Negima, resolvi matar as saudades de vocês com um conto que gostei bastante de escrever.
Atenção, este fic pode ser lido por qualquer um que já tenha assistido até o segundo longa da série Rebuild, o 2.22. Apesar de a trama se passar posteriormente aos acontecimentos do filme, eles não tem relação com o terceiro filme.
Sem enrolações, vamos ao texto. Como sempre, ficaríamos muito gratas por opiniões, críticas, sugestões ou até que sabe uns elogios (vai saber ne).
Links: Download pdf (mediafire) e Leitura Online (mediafire)
Aviso-legal: Neon Genesis
Evangelion não me pertence. Esta é apenas uma obra de fã, sem fins
lucrativos.
***
O início da convivência entre aquelas duas crianças foi bastante
conturbado. Elas se encontraram pela primeira vez diretamente no
campo de batalha. Uma havia acabado de sair de uma delicada
recuperação médica e sequer havia tido tempo para compreender por
completo a rebelião a qual fazia parte. Tudo o que sabia é que
precisava lutar e vencer. A outra estava apenas aproveitando as
oportunidades que a vida lhe trazia e pilotava a máquina até então
mais avançada de combate já construída pela humanidade.
Batizada com a simplória alcunha de Eva 08.
Aquele confronto poderia ter destruído por completo o resto de
civilização que resistia bravamente às consecutivas catástrofes
sobrenaturais que caiam sobre a Terra. A primeira e última batalha
que aquelas duas crianças travariam em suas vidas acabou tendo um
final diferente do previsto. Isso porque uma das crianças, a que
aparentemente mais se divertia em meio àquele caos, acabou
percebendo que estava lutando do lado que considerava errado na
história e, unindo sua instável ética com sua enorme vontade de
sair-se bem daquele problema, ela trocou de lado. Foi só assim que a
rebelião se tornou um sucesso e as duas puderam enfim conhecer-se
fora de suas armas de guerra.
Este foi apenas o começo da amizade entre Asuka e Mari.
***
Instante
Evangelion Fanfiction, por Lilian Kate Mazaki
O céu estava tomando por nuvens de tempestade e o vento soprava
gelado. A base atual da WILLE era escondida dentro dos escombros de
uma antiga metrópole europeia, já devastada pelo caos que se
alastrado no mundo. À esta altura dos acontecimentos o grupo já
havia iniciado a construção de sua base móvel, mas a dificuldade
em conseguir alguns materiais raros estava atrasando bastante a
finalização do engenho.
As ruas sem movimento pareciam o cenário de um filme de terror.
Objetos quebrados e abandonados dos mais diversos tipos se espalhavam
pelos cantos. Em meio àquele desleixo natural duas figuras incomuns
podiam ser vistas caminhando uma após a outra, sem nenhum destino
certo. Duas jovens mulheres, trajando uniformes únicos que se
encaixavam perfeitamente as formas de seus corpos. A ruiva, com um
distinguível tapa-olho à orbe esquerda ia à frente, enquanto a
outra mulher, de óculos vermelhos e um sorriso perene no rosto a
seguia a alguns passos de diferença:
― Por que está me seguindo, quatro-olhos? ― rosnou Asuka,
parando a caminhada e virando-se um pouco para encarar a outra, que
apenas sorria enquanto se aproximava mais alguns passos.
― Não se importe comigo. É que não tenho nada para fazer
realmente. ― disse Mari, encolhendo os ombros, com o seu costumeiro
sorrisinho debochado no rosto.
― Hunf. ― Asuka bufou, ajeitando a aba da boina. ― Você podia
tentar se tornar útil e ir perguntar se a comandante precisa de
alguma coisa.
― Você também poderia ter feito isto, não?
― Eu fiz. ― cortou a ruiva, entredentes, e diminuiu o volume da
voz ao prosseguir. ― Mas a Misato me disse que eu devia descansar
um pouco enquanto pudesse.
― Você fica irritada quando as pessoas se preocupam com você, não
é? ― disse a morena, não realmente perguntando, mas apenas
oralizando seus pensamentos sem refletir.
Já faziam mais de dois anos desde que as duas jovens se conheciam,
então Asuka estava habituada àquele mal costume o bastante para
apenas dar as costas e continuar caminhando pela rua deserta. Não
demorou nem um minuto para que os passos atrás de si recomeçassem.
Também não demorou nem dez minutos para que uma nova explosão
acontecesse:
― Mas que droga! Vai arranjar outra pessoa pra encher,
quatro-olhos!
― Não se importe tanto comigo, Princesa, estou apenas vigiando a
guerreira favorita da WILLE.
― "Princesa"?! Vai se ferrar! E nem pense em me chamar
assim de novo, sua nerd covarde!
― Uau, você sabe xingar quando se irrita, Tsundere-sama.
― Como é que. . . ― começou Asuka, ainda mais irritada pelo
novo apelido desagradável, porém um forte tremor repentino a
distraiu completamente da conversa.
O terremoto se intensificou e não cessou. Não era nada incomum
ocorrerem esses tremores desde o Terceiro Impacto, porém este era
intenso. Asuka tentou se apoiar, mas sua perna esquerda não era a
mesma a algum tempo já e ela acabou caindo. Vários pedaços de
concreto soltos nas paredes dos edifícios abandonados começaram a
cair. Vários fragmentos ricochetearam e arranharam o rosto e mãos
da ruiva, distraindo-a de uma pedra maior que veio na direção da
sua cabeça. Se não fosse a intervenção rápida de Mari o golpe
poderia ter sido perigoso.
Logo o terremoto passou e Mari puxou Asuka de volta à base para que
Ritsuko desse uma olhada se nada a havia machucado. A ruiva
esbravejou o caminho inteiro, mas não desvencilhou o braço da mão
da outra que a puxava. Asuka detestava ser tratada com uma doente
frágil, mesmo que agora fosse essa a sua realidade.
Tinha orgulho o bastante para ameaçar a outra de todas as formas
possíveis e nem reparar que a morena havia tido uma fratura no pulso
ao bloquear o pedaço de concreto mais pesado com o próprio braço.
Só ficou sabendo quando a jovem Sakura lhe disse que Mari estava
recebendo atendimento.
Asuka sentiu-se um tanto estúpida pelo próprio comportamento, mas
ficou esbravejando ao vento, contra a outra. Afinal, como poderia
perceber qualquer coisa se em momento algum a outra piloto perdera o
sorriso indolente?
― Às vezes tenho a impressão que você está o tempo inteiro
resmungando contra vida, Tsundere-sama. ― disse Mari,
sobressaltando Asuka. Estavam no corredor térreo do prédio que
estava sendo usado como parte das instalações da WILLE. Havia pouco
movimento perto do setor médico e a calmaria havia amplificado o som
das reclamações contínuas da ruiva.
― E como poderia ser diferente se o mundo está essa porcaria? ―
argumentou Asuka, deixando seus olhos involuntariamente presos ao
gesso que cercava a mão e pulso da outra.
― Você é tão negativa, Tsundere-sama.
― E você parece sofrer de retardo por estar sempre rindo,
quatro-olhos.
Asuka voltou-se para a larga janela que dava para outro trecho de rua
abandonada e destruída pela guerra. Ainda que sua expressão fosse
um tanto ranzinza, ela não estava realmente irritada. Era apenas seu
hábito manter a cara amarrada para todo o Universo burro ao seu
redor. Mari caminhou até o lado dessa e também pôs-se a observar à
paisagem feia. Ao contrário da primeira, Mari estava sorrindo. O
mesmo sorriso debochado:
― Er. . . ― começou a Segunda Criança, fintando novamente o
gesso. ― Está tudo bem com isso aí?
― Não foi nada. ― disse Mari. ― Pelo menos eu fui útil,
protegendo a nossa melhor piloto de um acidente.
― Tsc. ― Asuka se irritou ao ouvir o derivado da palavra
"proteção". Estava farta de ser tratada com uma boneca de
porcelana. Porém, em consideração ao ferimento da outra, dessa vez
ela preferiu apenas dar as costas e sair andando, para não continuar
a discussão.
― Ah. . . ― Mari pareceu pega de surpresa pela reação de Asuka.
Franziu a testa por um momento e acabou reagindo sem pensar antes ―
Espera aí, Asuka!
A ruiva congelou. Não lembrava de ter visto Mari chamar alguém,
fora talvez o pai de Shinji, pelo primeiro nome. A morena parecia ter
o passatempo de criar os apelidos mais estranhos para qualquer pessoa
que surgisse na sua frente, então aquela era a primeira vez que a
via se dirigir com alguma seriedade. A própria Quarta Criança
pareceu ainda mais surpresa com suas palavras, deixando bastante
visível o embaraço na expressão que a outra não viu por estar de
costas:
― Hm? ― indagou Asuka, virando-se para encará-la com seu olho
bom.
― Ah. . . ― Mari olhou para os lados e ajeitou os óculos num
gesto demorado. Aquela foi a primeira vez que Asuka viu a outra
perdendo a postura daquele jeito e ela admitiu a si mesma que adorou
ver a cena. ― T-talvez nós devêssemos voltar à Central, não? A
Comandante pode precisar de alguma coisa.
Asuka fez algum esforço para tentar entender qual era o problema da
outra, mas desistiu logo e apenas seguiu a sugestão.
***
Alguns meses depois, Asuka e Mari estavam no terraço de um pequeno
forte à beira de uma encosta. Observavam a movimentação de
caminhões e transportes pesados para levar os evas 02 e 08 para os
compartimentos de dois grandes navios da frota da WILLE. Mais uma vez
pilotos eram inúteis no momento que não era a luta, então elas
haviam sido dispensadas para ficar apenas assistindo o trabalho das
equipes.
Estava um tanto mais quente. O verão se aproximava daquela parte do
globo. Mari se abanava com a mão outrora quebrada, de modo
displicente. Volta e meia fazia algum comentário debochado sobre as
expressões sérias que os técnicos tinham.
Já Asuka parecia completamente distraída da realidade. O seu ar de
irritação constante parecia ainda mais acentuado. O bastante pra
forçar a outra a enfim se direcionar a ela:
― Qual o problema, Tsundere-sama?
― Só estou pensando em como tudo nesse mundo é uma droga.
― Ah. . . ― Mari já esperava alguma resposta genérica de ódio
da ruiva e não desistiu por aí. ― Mas do que está falando,
exatamente?
― De tudo! Do mundo, da NERV, do meu corpo imbecil.
Ah, ela estava incomodada com algo no próprio corpo então, foi o
que deduziu Mari pela ordem colocada na frase:
― Acho que não precisa se preocupar com seu corpo, Tsundere-sama.
― Na verdade não me incomodo. Nem me olho na frente de um espelho
mais. Só acho que é um incomodo passar a vida inteira com um corpo
de 14 anos. Os hormônios incomodam.
― Você está dizendo que está irritada porque está carente? ―
perguntou Mari com um tom menos debochado do que Asuka esperaria.
Isso foi a única coisa que fez com que a ruiva não se irritasse
ainda mais.
― Você também deve ter esses problemas. ― Asuka estava um tanto
mais "pra baixo" do que o comum. Não era de falar assim
abertamente sobre si ou sobre assuntos daquele tipo.
― Talvez. Mas nunca tive muito tempo para pensar em homens, então
não me incomodo tanto.
― Tsc. Eu também sempre fui ocupada. Uma vez já pedi para que a
Ritsuko me desse alguma coisa para me livrar disso, mas ela não me
levou à sério.
― Seria um desperdício.
― Do que cê tá falando?
― Tem muitos homens na WILLE. Se você está precisando de um
namorado é só escolher. A não ser que você esteja se guardando
apenas para o Garotinho Mimado.
Mari não teve tempo de sequer se preparar, quando percebeu seu rosto
havia sido golpeado com força e ela tombava. Tentou ainda se segurar
no parapeito do forte, mas não conseguiu. Caiu de lado no chão de
pedra, seus óculos foram parar a quase um metro de distância.
A morena ergueu os olhos e mesmo com a visão borrada pode enxergar a
expressão assassina que dominava todo o rosto de Asuka. Esta ainda
tinha o punho fechado estendido para frente e ofegava. Mari admitiu a
si mesma que foi longe demais, tratou de pegar os óculos rápido e
se ergueu sem dizer nenhuma palavra. Asuka só endireitou a postura
quando a outra já estava em pé. Mari podia sentir o sangue na boca
escapar pelo canto dos lábios para o queixo. Ainda assim foi ela
quem quebrou o silêncio pesado que se instalou entre elas:
― Você não teria problemas em conseguir o homem que quisesse,
Tsundere-sama.
― Tsc. Como se algum homem fosse querer uma mulher aleijada como
eu. ― respondeu Asuka. Não parecia haver qualquer traço de culpa
na voz e expressão da outra. Ainda assim isso não inibiu Mari de,
mais uma vez, falar o que lhe vinha à mente.
― Eu acho você linda, Princesa. Perfeita.
Asuka congelou a respiração ao ouvir aquilo. Seus olhos que
fintavam a movimentação lá embaixo se perderam. Não esperava
ouvir algo como aquilo e não soube como reagir. Há um instante
estava à beira de partir (ainda mais) para a violência e agora
estava aturdida e desconsertada. Respirou algumas vezes e esperou
perceber o olhar da outra se desviar para ter coragem de encará-la.
Mari sorria e voltara a observar o trabalho da WILLE. A despeito do
sangue que ainda pingava de vez em quando na sua blusa, ela parecia
que não tinha dito nada que fosse relevante. Era como se tivesse
falado sobre como o céu estava bonito naquela tarde e Asuka se odiou
por não ter digerido aquilo tão fácil. A Segunda Criança sorriu
um tanto mais terna e procurou por algo no bolso da calça:
― Hã? ― Mari foi surpreendida pelo toque do tecido no queixo.
Asuka estava usando um lenço para limpar o sangue. Voltou os olhos
para procurar as íris azuis da outra, mas esta já havia os
desviado, encarando o queixo e pedaço da blusa da outra que tentava
limpar um pouco do vermelho tingido.
― Não fale mais daquele infeliz, ok? ― pediu Asuka, enfim
encarando os olhos que ainda exibiam a surpresa de Mari.
― Farei o possível. . . Tsundere-chan.
Asuka deu uma risada fraca, enquanto guardava o lenço. A outra
sempre dava um jeito de não falar o nome das pessoas.
***
A lua cheia exibia sua cicatriz eterna enquanto brilhava no alto do
céu limpo. As estrelas coloriam e iluminavam a noite fria de outono,
deixando o caminho da frota principal da WILLE parecendo um pouco
menos assombroso do que na verdade era. A movimentação no navio de
comando era pouco. Eram os navios de transporte dos evas que estava
ainda trabalhando duro para reorganizar as coisas depois de uma
batalha feroz que acontecera antes do pôr do sol.
Asuka e Mari estavam mais uma vez sozinhas, sem qualquer função,
afinal os pilotos também eram inúteis depois que a batalha
terminava. Apesar do acontecido, elas ainda tinham disposição para
conversar sobre a luta, enquanto observavam o céu pelas largas
janelas da sala de reunião, agora vazia:
― Nossa, por que você é sempre tão covarde nas batalhas ein? ―
perguntou Asuka, num tom muito mais de divertimento do que irritado.
Depois de vitórias fáceis o ego de desta melhorava seu humor em
muito.
― Ora, Tsundere-sama, é simples: eu quero sobreviver o bastante
para ver o nascimento e glória do Novo Mundo!
― Novo Mundo?! Hahahahahahah, mas do que cê tá falando?!
― Estou falando da grande era de luz que irá surgir quando
finalmente essa loucura de NERV e anjos terminar. ― explicou Mari.
― Apesar de que nesse mundo eu vou me suicidar por causa do tédio.
Muita “alegriazinha” me faz mal.
― Nah, nenhum de nós vai viver o bastante para isso.
― Ora, nós temos a juventude inteira para esperar, Tsundere-sama.
― ponderou a morena, abrindo os braços num gesto de mostrar como
ainda era jovem depois de tantos anos de luta.
De fato, elas tinham uma juventude infinita para aguardar a mudança
do mundo. Asuka até concordaria com a visão da outra, se não fosse
pelo fato de ter certeza que em algum momento elas teriam as tripas
devoradas por algum inimigo voador vindo de qualquer lugar
desconhecido.
A verdade é que Mari não se preocupava em nada sobre o futuro. Tudo
para ela se resumia em aproveitar o momento presente. Gostava das
batalhas, mas também vinha aprendendo a gostar de certos caprichos
que a rotina que lhe fora imposta havia trazido consigo. Ainda que a
realidade fosse sombria, ela sentia que era ali que deveria estar.
Não lhe apeteceria uma vida pacata como estudante, em meio a clubes
e provas.
A não ser que a ruiva estivesse na mesma classe que ela. Ai sim as
coisas poderiam ser interessantes:
― Você não tem nenhum parafuso nessa cabeça né, quatro-olhos?
― Com certeza tenho menos do que você tem na perna, Tsundere-sama.
Asuka não conseguiu manter a seriedade diante daquele deboche. Teve
que rir da própria desgraça como não antes havia feito. Uma risada
aliviada, daquelas que dão uma forte vontade de chorar ao mesmo
tempo. Um pequeno descanso para alguém que passava todos os momentos
de sua vida se esforçando para fugir de qualquer alegria.
Só quando Asuka percebeu o olhar insistente da outra piloto que
despertou da sua distração. Mari a encarava, o rosto meio encoberto
pelas sombras da claridade do luar. Como sempre, esta sorria. Mas era
um sorriso diferente, sem deboche. Asuka viu apenas uma transparente
afeição naquele gesto:
― O q-que foi? ― perguntou ela, um tanto incomodada. A ruiva
sentiu um frio no estômago quando a outra se aproximou alguns
passos, ainda encarando-a, antes de responder.
― É que eu nunca tinha te visto sorrindo de modo verdadeiro,
Tsundere-sama. Pode se dizer que é algo raro, quase um milagre.
Asuka inflou uma das bochechas ao ouvir aquilo. Mesmo séria a outra
adorava debochar:
― Deve ser menos raro do que te ver falando alguma coisa séria.
― Mas eu estou falando sério agora.
Asuka engoliu a saliva, nervosa. Estava se achando ridícula por
sentir tanta ansiedade e nervosismo por causa de uma garota tão
infantil como Mari. Desviou o olhar e tentou encontrar qualquer coisa
ao redor para se focar, numa tentativa de "quebrar" o ritmo
da conversa da outra. O que foi inútil.
― Eu gostaria de não esquecer. . . ― começou a falar Mari, com
a voz quase sussurrada. Esticou o braço sem pressa, até que seus
dedos tocaram a bochecha da ruiva, que arrepiou no rosto àquele
toque tão suave. ― . . . Eu não gostaria de esquecer esse
sorriso, Asuka.
O nome. Asuka não conseguiu evitar ter seu olho capturado pelos da
morena. Sequer percebeu o movimento que eliminou os mais de quarenta
centímetros que separavam os lábios de Mari do toque suave que ela
sentiu nos seus. Que coisa estranha estava acontecendo ali, foi só o
que pode se questionar.
O instinto fez com que Asuka fechasse o olho ao ser beijada. Aquilo
foi o necessário para que ela, ao entrar na escuridão completa da
sua pálpebra, calasse por completo qualquer pensamento inútil.
Não questionou-se sobre Mari, ou sobre ela mesma. Ou sobre o que
significava estar se deixando beijar por uma mulher. Também esqueceu
de tentar analisar se talvez ela mesma estivesse esperando por aquilo
a algum tempo. Não, este pensamento seria o mais trabalhoso e sem
sentido o possível.
Tudo o que existia no escuro era a sensação morna e carinhosa do
beijo que recebeu. Retribuiu e seus sentimentos se chocaram numa
confusão um pouco maior quando percebeu os traços de medo e anseio
na reação de Mari. A sensação de tempo evaporou e Asuka não era
capaz de saber se o abraço que davam era fraco ou apertado. Em meio
ao toque suave e romântico do beijo ela estava completamente
absorvida apenas pelo ato.
Um indeterminável tempo depois, os beijos cessaram e os rostos das
pilotos se separaram. Asuka não pensou mais em tentar desviar o
olhar. As bochechas de Mari estava um pouco rosadas e a ruiva
acreditou que as suas provavelmente também. Seu coração batia num
leve acelerado que não a deixava respirar com naturalidade. Nenhuma
palavra entre elas foi dita durante vários minutos. Era inevitável,
mas era como se ambas tentassem congelar aquele momento onde não
eram necessárias perguntas ou esclarecimentos.
Só que logo o medo e receio começaram a sondar os pensamentos de
Asuka. Isso pareceu ficar claro para a morena, pois neste momento ela
decidiu quebrar o silêncio com uma única frase:
― Não se preocupe com isso, Princesa. ― e então Mari se
afastou, sorrindo, e se dirigiu em silêncio para a porta da sala.
Não disse nenhuma palavra a mais e logo a sala estava fechada e
Asuka sozinha.
De fato era a melhor coisa naquele momento. O que adiantaria
conversar sobre algo que não tinha qualquer sentido? O que mudaria?
Nada. Não havia porquê Asuka se preocupar se aquilo fora apenas um
acidente causado pela euforia de uma batalha, ou se poderia se
repetir mesmo no próximo entardecer.
O mundo continuava sendo um lugar sem esperança, portanto não havia
porque esperar algo daquilo. O que viesse, seria um milagre e uma
benção vinda direta do imaginário Novo Mundo onde existia
felicidade.
FIM
(Queria dedicar com um carinho ácido ao nosso amado leitor, Kaje-kun, este fic com uma personagem que ele tanto ama, a Mari! Não me odeie, só estou fazendo isso para convencê-lo a ler!)
Saudações
Achei que está fic ficou muito direta no ponto e extremamente bem balanceada, nobre Mazaki.
Ponto mais positivo: os diálogos. Simplesmente muito bons.
Ótimo trabalho, nobre amiga.
Até mais!
Apesar de nunca ter lido ou assistido Evangelion, preciso comentar: Este texto ficou incrível! Que talento que você tem *_* Fuçarei agora suas obras anteriores no blog...
Ora, Mazaki-san, eu leria, mesmo que não a tivesse dedicado, mas fiquei todo ruborizado quando vi a dedicatória, obrigado, de verdade, adorei...
Vou ser simples e direto: se o que aconteceu nessa fic fosse oficial, eu teria um motivo para desgostar menos da Mari, mas como isso infelizmente é só shipping...
Bem, a sua fic ficou ótima, adoreia Asuka sendo...bem, a Asuka! Gosto muito dela, e certamente, é um dos motivos que me convencem a dar uma chance para esse terceiro filme, mesmo sabendo que ele é focado no moleque mimado. Digo, Shinji!
Francamente, Mazaki-san, meu desgosto com a Mari é mais pela falta de explicação para a existência dela que com a personagem em si. Isso e o fato de ela ter ativado o modo "The Beast" e mantido a sanidade e o corpo, quando o modo "Berserker" não pode ser controlado nem pela Asuka, e isso sem mencionar que o Shinji foi absorvido e teve o corpo decomposto quando aconteceu com ele. Soma-se a isso ela ter aparecido como uma infiltrada, e o fato de ela ter aterrissado DE BUNDA na cara do Shinji e ninguém pareceu se importar (onde estavam aqueles trinta caras que ficam seguindo o Shinji que não viram isso?).
Básicamente, ela, no segundo filme, contradisse tudo que foi feito no primeiro, e além de ser um fanservice para ter mais bonequinhas com plug suit, me cheira a Deus Ex Machina. Tenho certeza que ela ainda vai azer alguma coisa que ninguém deveria ser capaz. A, ela já fez, ativou o modo "The Beast" e manteve o controle do EVA...
Enfim, eu não assisti mais do que dez minutos do terceiro filme, desisti quando aparece aquela nave-libélula da WILLE. Eles não tinham recursos nem para fazer a manutenção dos EVAs, mas conseguiram construir um quartel-general móvel/voador? Sinto para quem gostou dessa pegada "SHIELD" no filme, mas essas mudanças só geraram mais incoerências numa série que já sofria com seus buracos. Em vez de dar respostas, simplesmente removeram os problemas anteriores e estão pondo novos. Sinto que o quarto filme terminará e não trará mais respostas que o "The End Of Evangelion"...