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- [Web-série] Circunstância parte 5 e 6
Posted by : Mazaki89
domingo, 6 de março de 2016
Olá a todos!
Depois de mais tempo do que eu e vocês gostaríamos cá estamos com mais duas partes do texto de Circunstância. Depois dos eventos tórridos da quarta parte da história de Diovana e Amanda, mais coisas estão por acontecer nesse relacionamento quase inesperado entre essas duas mulheres tão diferentes entre si.
Sou extremamente agradecida à todos os leitores pela apreciação e paciência com a divulgação do texto. O feedback de vocês tem sido super positivo desde a primeira publicação e eu não poderia ser mais agradecida por tal. Espero que o tempo entre a divulgação das partes do texto não afaste os leitores e espero também que, apesar de agora eu estar fazendo faculdade e trabalhando ao mesmo tempo, isso não faça com que os próximos textos demorem tanto para sair aqui no blog.
De qualquer modo, muito obrigada a todos. Espero que tenham uma boa leitura com mais essa parte de Circunstância.
Circunstância
por
LKMazaki - 2015/2016
Parte
05 - Nova perspectiva
Apesar
da rotina no escritório e do clima terrível com a mãe, Diovana
sentia que sua vida estava indo bem melhor do que antes. Claro que a
prática sexual constante tinha grande parte da culpa por essa sua
sensação. Nem mesmo os abusos morais do hipertenso coordenador do
setor eram o suficiente para estragar seus ânimos menos cinzentos.
Até mesmo o cigarro perdeu um pouco do espaço nos seus pensamentos.
Diovana estava fumando menos de meia carteira por dia.
Ainda
que fossem pessoas tão diferentes em si e em estilo de vida, ela e
Amanda vinham conseguindo construir uma relação mais firme a cada
semana que passava. O caso delas poderia muito bem ser apenas
sexo fácil, mas alguma coisa estava se criando.
Da
parte de Diovana poderia chamar aquilo de dependência emocional.
Sempre fora uma pessoa extremamente fechada e solitária então ter
alguém com paciência para escutar-lhe nos assuntos mais banais do
dia era uma novidade impressionante. A morena tinha certeza de que da
parte de Amanda ela era apenas um bichinho de estimação que toda a
sua classe média alta não podia comprar. Torcia em silêncio para
que demorasse ainda algum tempo para que a engenheira se cansasse
daquela distração. Da sua parte fazia sempre o melhor para agradar
sua “dona” na cama e assim manter-lhe cativa naquela brincadeira.
Era
sexta-feira mais uma vez e o tempo estava preparado para a chuva.
Diovana e Amanda haviam se encontrado no metrô e ido juntas para o
pequeno apartamento da secretária. Ainda que sentisse vergonha da
sua residência comparada à da outra, Amanda não parecia se
importar nada com o espaço diminuto nos dois únicos cômodos da
casa. Aquela era a quarta vez que as duas iriam passar a noite juntas
ali:
— Você
se preocupa demais. Eu adoro este lugar. — comentou Amanda quando
as duas chegaram. Sem cerimônias ela tirou os sapatos na entrada,
colocando as pantufas separadas para si com antecedência e indo se
atirar no sofá de dois lugares que ficava encostado em uma das
paredes.
— Que
educada. — riu-se Diovana, levando as duas sacolas de compras para
a cozinha estilo americano. Haviam comprado algumas bebidas e comida
congelada.
— Ei,
bem que eu poderia passar em casa e pegar um video-game para
instalarmos aqui. É bem melhor do que assistir esse filmes repetidos
da tv a cabo. — sugeriu a programadora, após dar uma volta
completa nos canais disponíveis sem conseguir encontrar nada que lhe
interessasse.
—
Video-game?
Eu não me ligo muito nessas coisas.
— É,
você já me disse. O que é uma pena, porque eu sou fã de jogos! —
comentou Amanda, empolgada. — Sabe, eu entrei na faculdade de
Computação porque sonhava em trabalhar fazendo jogos.
— E
isso dá dinheiro nesse país?
— Não
muito. — admitiu a programadora. — Foi por isso que procurei algo
mais estável, pra meus pais não ficarem preocupados. A ideia era ir
procurando oportunidades nesse meio tempo.
— E
você ainda está procurando?
— Bom.
. . Isso já faz uns cinco anos. Acho que acabei me acomodando. —
confessou Amanda, com uma nota de tristeza na voz. Ela desviou os
olhos da televisão para a janela de meia parede que exibia um céu
carregado e o topo de vários edifícios e suas antenas.
Diovana
sentiu-se um pouco culpada, mas não soube o que dizer. Demorou-se
separando alguns salgadinhos escondidos no fundo do armário e
pegando duas cervejas:
— E
você, Di? O que você queria estar fazendo da vida ao invés de
telemarketing? — perguntou Amanda, de volta à caça de alguma
programação interessante. Diovana deu de ombros.
— Nada
em especial.
— Como
assim? Você nunca teve um sonho de profissão quando criança ou
algo assim?
— Se
tive, já esqueci. — disse, enfim levando os petiscos e bebidas
para a outra e sentando-se também.
— Acho
que isso explica algumas coisas.
— Como
se cê-dê-efês soubessem alguma coisa sobre psicologia. —
debochou Diovana. Porém um segundo depois ela deu um berro de susto,
quando Amanda encostou a lata gelada que segurava na sua bochecha.
Antes
que Diovana pudesse prolongar-se no xingamento o seu celular vibrou e
tocou, sobressaltando-a. A morena pegou o aparelho do bolso e olhou
para a tela, o que a fez segurar a respiração. Com pressa ela
levantou e se afastou do sofá para só então atender:
— O
que foi, Gustavo? — perguntou ela ao aparelho e Amanda não
conseguiu disfarçar a surpresa ao escutar o tom ríspido desta na
conversa. — Ora, e você não sabe porque eu não apareci ainda?
Claro. . . Olha, não me interessa como as coisas estão agora, eu
não tenho como. . . E você acha que eu não sei? Cara. . . Quer
saber? Não precisa me ligar se for pra ficar tentando me amolecer,
ok? São eles que me devem alguma coisa e eu não vou me desmanchar
enquanto eles não ajeitarem as coisas. Tchau.
Diovana
desligou o aparelho e ficou encarando a porta, sentindo o coração
acelerado pela raiva. Respirou fundo e virou para Amanda:
—
Desculpe
por isso. O otário do meu irmão não tem nada na cabeça.
—
Estava
tentando te fazer ir falar com seus pais? — perguntou Amanda.
Apesar de não terem conversado a fundo sobre o assunto a engenheira
sabia que a relação familiar de Diovana não era nada boa.
— É.
Ele não entende nada. — bufou a morena, sentando de volta no sofá
e se deixando massagear os ombros pela outra.
— Não
precisa se chatear tanto. Ele só falou do que não sabe, então ia
dar nisso. — tentou consolar Amanda, apertando os músculos
rígidos.
— É
verdade. — concordou Diovana, fazendo caretas pela dor dos apertos
nos seus ombros.
— Deve
ser complicado.
— Vai
ser mais complicado se você ficar me fazendo pensar nisso ao invés
de levar essa conversa para um caminho mais interessante.
— Oh
você, Dio.
Diovana
estava parcialmente acordada a algum tempo já. Seu corpo e olhos se
negavam a reagir e mesmo os seus pensamentos pareciam desencontrados.
Levou algum tempo para perceber que estava completamente nua,
aquecida apenas pelo seu edredom e pelo corpo também desnudo de
Amanda ao seu lado.
O
celular tocou. Por reflexo, Diovana levou a mão à mesa de
cabeceira, mas antes de olhar para o visor reconheceu não ser o seu
toque. Ao seu lado, Amanda sentou, já com o próprio aparelho nas
mãos e atendeu:
“Amanda?”
perguntou uma voz feminina vinda do celular que estava em modo
viva-voz.
— Mãe?
O que foi? — perguntou a mulher de cabelos mais claros. Sua voz era
irritada e sonolenta.
“Filha,
eu estava querendo passar aí na sua casa pra levar umas coisinhas
que comprei pra você. Liguei pra ver se já tinha acordado”
— Não!
— exclamou de supetão Amanda, alarmada. — Digo, mãe, não vai
dar.
“O
que? Por que?”
— Não
var dar. Só isso! — repetiu Amanda, incisiva.
“Ah.
. . Está bem. Me desculpe.”
—
T-Tudo
bem.
“Bom,
lembre-se de aparecer amanhã pra almoçar conosco.”
— Pode
deixar, mãe.
“Tchau,
filha. Um beijo.”
— Ah.
. . — foi dizer Amanda, porém a ligação se encerrou antes que
fosse capaz de falar qualquer coisa. — Affe, seria muito mais
simples se ela não tivesse essa mania de querer aparecer sem avisar.
— Ela
pareceu entender o motivo. — disse Diovana, apoiada sobre os
cotovelos. — Ela sabe da sua preferência?
Amanda
encarou Diovana com a expressão ainda contrariada. Então suspirou e
voltou-se para a entrada:
— Deve
saber.
— Como
assim? Vocês nunca falaram sobre o assunto?
— Só
uma vez. Ela fez umas perguntas e eu só balancei a cabeça. Depois
disso nunca mais.
Diovana
ficou encarando as costas desnudas e cabelos de Amanda, que era o que
podia enxergar daquele ângulo. Sentou-se e segurou as próprias
mãos, um tanto apreensiva se deveria continuar aquela conversa:
— Então
ela sabe. — pontuou. — Ela não parece encarar mal isso.
— Como
pode saber disso? — questionou Amanda, encarando-a novamente.
— O
tom dela quando entendeu não era um tom de desaprovação.
Amanda
não respondeu nada por um momento:
— Você
está certa, eu acho. Sou eu quem não consegue falar disso com ela.
Diovana
deu uma risada rouca e levantou, sem se importar da sua nudez:
— Eu
sinto inveja. — disse ela. — Queria que minha mãe não me
odiasse por isso.
Amanda
não comentou mais nada. As duas não falaram mais no assunto pelo
restante do dia.
Parte
06 - Laços
Fátima
saiu do carro e foi até o porta-malas, abrindo-o. Pegou duas sacolas
grandes, cheias de frutas. Acionou o alarme do veículo e se
direcionou até o prédio de arquitetura moderna daquele condomínio
novo, de classe média:
— Bom
dia, Dona Fátima! — cumprimentou Jair, o senhorzinho de meia idade
que cuidava da portaria do bloco C no turno diurno. Ele era baixinho
e barrigudo, com uma careca pronunciada na parte de cima da cabeça.
— Bom
dia, Seu Jair. — respondeu a mulher, com seu sorriso largo de
sempre. Haviam muito poucas marcas de expressão na sua pele sempre
tratada com os mais caros produtos.
— Veio
visitar sua menina, de certo. — disse o porteiro. — Ah, mas. . .
— disse ele mais baixo, lembrando de alguma coisa.
— Sim,
trazer algumas frutas. Sabe como são os jovens.
— Sei
sim. — concordou ele, um pouco incomodado. — Ah, Dona Fátima?
— Pois
não?
— Ainda
agora a Amanda saiu para ir no mercadinho. A senhora não quer
esperar ela voltar aqui?
— Não
se preocupe, eu tenho a chave.
— Ah,
claro. — concordou ele, um pouco ansioso. — Mas é que. . .
— Algum
problema, Seu Jair?
— Nada
não! Até mais, Dona Fátima. — apressou-se em dizer o porteiro.
Nesse momento o elevador abriu a portas.
—
Obrigada.
— despediu-se Fátima, entrando no elevador e pressionando o botão
do quinto andar.
Não
levou mais do que meio minuto para que estivesse no quinto andar,
diante da porta do número quinhentos e seis. Com habilidade ela
pegou a sua cópia da chave do bolso sem desequilibrar as compras.
Fátima abriu a porta do apartamento e viu que havia alguém sentado
em um dos bancos do balcão da cozinha americana. Uma mulher, mas não
era sua filha:
― Ei,
Amanda, espero que você tenha lembrado de. . ― começou
Diovana, virando o rosto na direção da entrada, perdendo o restante
das palavras ao ver que não era quem esperava. ― Er. . . D-Dona. .
. Fátima? ― arriscou a morena.
― Isso.
― confirmou a mulher, depois de um instante de respiração presa.
Suspirou e piscou, reassumindo a naturalidade. ― E você? ―
perguntou, caminhando até o outro lado do balcão.
―
Diovana.
. . Com. . . “Dê”, mesmo. ― disse Diovana, ainda estupefata
com o encontro inesperado. Encarava a mãe da sua namorada como se
estivesse vendo uma miragem. ― Er. . . A Amanda. . .
― Deu
uma saída, não e mesmo? Diovana. . . ― repetiu Fátima. ― Eu
vim trazer umas frutas pra ela. ― disse, começando a desempacotar
as compras.
― Ah,
claro. . . E-Eu. . .
― Quer
uma maçã, Diovana? ― perguntou Fátima. A naturalidade com a qual
ela agia não ajudava em nada a desfazer o embaraço e surpresa da
outra.
― Sim,
claro. . .
― Quer
que eu tire a casca?
― O
que? Não, não precisa se incomodar!
― Quê
isso, não é nada. ― disse Fátima, pegando um prato raso e uma
faca para descascar a fruta.
O
silêncio se prolongou entre as duas enquanto Fátima trabalhava para
tirar a casca da maçã com perfeição:
― Então
é você quem tem deixado a minha filha mais feliz do que o de
costume, não é?
― Sim.
Er. . . Desculpe não ter me apresentado antes.
― Tudo
bem, não achava que a Amanda faria essa apresentação mesmo.
― Ela
não é muito de falar dessas coisas né.
― Isso.
Mas uma mãe sempre sabe quando a filha está apaixonada.
― Ah.
. . ― Diovana não soube o que responder a esse comentário.
Entrementes Fátima entregou-lhe o prato com a fruta descascada e
cortada em pedaços.
― A
sua mãe deve ser assim também.
― Não.
. . Se ela soubesse que eu estou apaixonada por uma mulher era capaz
de me matar. ― comentou Diovana, levando um pedaço de maçã à
boca.
― Tão
ruim assim? ― perguntou Fátima, transparecendo certa preocupação.
―
Bastante.
O
silêncio sobreveio novamente. Diovana comia e Fátima aproveitava
para guardar as outras frutas na cozinha que conhecia quase tão bem
quanto a sua própria. A sensação de desconforto que Diovana sentia
já havia quase desaparecido à essa altura:
― Dá
minha parte eu só quero que a Amanda seja feliz. ― disse Fátima,
depois de terminar com as frutas.
― Isso
é incrivel.
― Nem
tanto. ― sorriu Fátima. ― Mudando de assunto. . . Você fuma,
Diovana? ― perguntou, tendo sentindo muito de leve o cheiro
característico. Provavelmente vinha das roupas da outra.
― Er.
. . Sim, mas a Amanda está me ajudando a tentar parar.
―
Espero
que consiga. Você tem uma pele bonita. Se parar tenho certeza de que
irá ficar ainda mais bela. ― elogiou Fátima, lavando as mãos na
pia da cozinha e enxugando-as com duas toalhas de papel. Diovana
sentiu todo o embaraço voltar à tona com aquele comentário.
Nesse
momento a porta do apartamento fez barulho. Fátima e Diovana
olhararam na direção da entrada e viram Amanda aparecer atrás da
porta abrindo. Levou um mínimo instante entre ela abrir a porta e
conseguir entender a cena à sua frente. A expressão choque tomou
conta do seu rosto. Ela abriu a boca para falar, mas pareceu esquecer
da sua intenção no meio do caminho. Diovana desviou os olhos para o
prato à sua frente, onde ainda restavam dois pedaços de maçã,
pegando um deles:
― Bom
dia, filha. ― cumprimentou Fátima, acenando casualmente. Amanda
fechou a boca e terminou de entrar, trancando a porta atrás de si.
― Mãe.
― respondeu ela, a voz um tanto falhada. A programadora parecia
mais pálida do que o de costume.
― Eu
só vim trazer umas frutas, como sempre. ― disse Fátima,
caminhando até a filha, que mal dera dois passos da entrada para a
sala. ― Foi sorte encontrar a Diovana. Assim pudemos nos conhecer
um pouquinho.
― Ah.
. . ― gemeu Amanda, recebendo o abraço de cumprimento da mãe.
― Eu
já vou indo. Tenho que levar o carro para o Seu Joaquim antes de ir
para a secretaria. ― informou a mulher, se dirigindo à porta, mas
virando-se de volta antes de chegar à maçaneta. ― Diovana, foi um
prazer.
― Pra
mim também, Dona Fátima.
―
Apareça
pro almoço de domingo, lá em casa.
― Pode
deixar.
―
Meninas,
tchauzinho. ― despediu-se Fátima, saindo e trancando a porta.
No
corredor, Fátima se dirigiu sem pressa até o elevador. Um sorriso
discreto surgiu no seu rosto enquanto refletia.
Ela
não parece ruim, não é mesmo? Ora, deve ser uma boa pessoa. Não
poderia ser diferente, vindo da minha menininha.
Pensou
ela, satisfeita pela oportunidade inesperada de enfim passar algumas
das barreiras erguidas e mantidas com tanta dedicação pela sua
preciosa filha.
Dentro
do apartamento o silêncio um tanto constrangido durou ainda alguns
instantes. Diovana pensou em pegar o último pedaço de maçã, mas
preferiu esperar Amanda ter alguma reação:
― O
que foi isso? ― ela perguntou, deixando as duas pequenas sacolas
que trouxera no chão.
― Uma
casualidade. ― respondeu Diovana, tentando aparentar calma. ― Há
quem diria. . . Destino.
―
Destino.
. . ― repetiu Amanda. ― Só se for o destino querendo acabar
comigo.
― Que
exagero. A sua mãe é uma mulher muito legal. ― desmereceu
Diovana. ― Ela até me deu uma maça descascada e cortada!
Amanda
suspirou e foi até o sofá, se atirando sobre o mesmo:
― Sorte
a sua né.
Primeiro vem com um capítulo super hot, agora com a coisa mais fofa do mundo, tá sabendo direitinho como deixar os leitores amando a narrativa xD
Gostando muito de como a coisa tá se desenvolvendo.
Fico meio perturbado por não ver um objetivo final na história, mas isso não é necessariamente ruim , só diferente do que estou acostumado.
Tá de parabéns como sempre, e não deixe os estudos/trabalho matarem seu tempo livre!